A centenária Catupiry decidiu, há três anos, ampliar sua presença nas gôndolas entrando em categorias diferentes. A marca passou a estampar embalagens de pão de queijo, bolinhas de queijo e petiscos de camarão, tudo produzido com o famoso requeijão cremoso que se tornou sinônimo de produto. Hoje, o que não é requeijão representa 15% das vendas, que devem somar R$ 250 milhões este ano. A empresa reviu sua estratégia e, pelo menos por enquanto, não entrará em novas categorias. A ordem agora é apostar no requeijão.
"O plano de diversificar as categorias é interessante, mas oferece menor margem, porque envolve produção terceirizada", diz o superintendente comercial e de marketing da Catupiry, Alexandre Delmanto. Ex- Bombril, Gold Nutrition e Johnson & Johnson, o executivo assumiu o cargo há um ano. Delmanto vai manter as atuais categorias e não descarta ampliá-las no futuro, mas no seu horizonte de curto prazo estão novas versões para o Catupiry "de copo", onde a empresa ainda não é líder.
"Há muito espaço para crescer mantendo o foco no requeijão", diz. Este ano, foram investidos R$ 1 milhão em novas embalagens que marcam o centenário da marca (comemorado no último dia 11) e na linha Catupiry Sabores, nas versões tomate seco, cheddar, azeitonas pretas e ervas finas, que chega ao varejo na próxima semana.
Os lançamentos custam 10% mais que o requeijão tradicional e vêm em uma embalagem chamada de "elíptica", que é mais extensa na frente e mais estreita na lateral. "Chama mais a atenção na gôndola", explica Delmanto. Para ele, o mercado de requeijão não apresenta inovação e a marca tem muito a oferecer. "Podemos criar produtos segmentados por faixa etária, como snacks com requeijão para crianças ou adolescentes".
O mercado de requeijão movimenta R$ 900 milhões ao ano no varejo. Na versão "copo", a líder é a Vigor (15,2% de participação em volume), seguida por Leitbom (7,4%, com as marcas Paulista e Poços de Caldas) e Catupiry (6,7%).
O queijo cremoso da Catupiry é líder no segmento culinário. O faturamento da empresa, que foi de R$ 200 milhões no ano passado, segundo Delmanto, está dividido meio a meio entre varejo e food service. Com os restaurantes e pizzarias, a empresa vem estreitando o relacionamento ao promover cursos rápidos voltados a pizzaiolos. "Atendemos 6 mil pizzarias em todo o país e muitas outras usam a marca, mas não o produto", diz Delmanto.
A expansão de 25% no faturamento deste ano é puxada pelo aumento do número de pontos de venda. "Entramos em novas redes, como a Muffato, do Paraná, e criamos equipes de venda para praças como Brasília, Minas Gerais e Espírito Santo, antes atendidas apenas por telemarketing", diz Delmanto. A fatia das exportações (2% das vendas) deve aumentar. "Vamos começar a exportar para Chile e Paraguai". Hoje os produtos chegam aos EUA e ao Japão.
Com 650 funcionários e quatro fábricas, a Catupiry é controlada por seis sócios. Três dividem a direção executiva: Fátima Araújo (sobrinha neta do fundador, Mário Silvestrini), Antônio Carlos Bueno Nestarez e Helia Rodrigues. Apenas Fátima é da família. Silvestrini não teve filhos.
Veículo: Valor Econômico