Brasil puxa resultados da Herbalife e da Amway

Leia em 4min 50s

O aumento da renda das classes C e D despertou ainda mais o interesse da Herbalife e da Amway, empresas internacionais que atuam no ramo de vendas diretas. No caso da Herbalife, a empresa aspira a alinhar as vendas do País às do México - que ocupa a segunda posição no ranking dos maiores públicos da marca, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil, por enquanto, fica com o quarto lugar, depois da Coreia. "O consumo per capita do México é cinco vezes maior do que o brasileiro, e nós vemos uma possibilidade de alcançar esse índice [no Brasil]", disse o diretor-geral e vice-presidente da marca no País, Gioji Okuhara.

A empresa comercializa shakes, dermocosméticos, barras de proteínas, sopas instantâneas e suplementos, entre outros, e movimentou cerca de US$ 2,7 bilhões em 2010, 18% a mais do que em 2009. Uma das maiores no ramo de vendas diretas no mundo, a Herbalife diz ter visto incremento no País de 50% das vendas, contra a alta de 30% no resto do mundo, no terceiro trimestre do ano, ante o mesmo de 2010. O lucro líquido global no período foi US$ 108 milhões, quando a multinacional registrou alta de 42,7%.

"Países como México e Brasil possuem o mesmo perfil de consumidores, que agora passam a se conscientizar mais sobre ganho de peso e nutrição saudável porque as pessoas fazem mais refeições fora de casa e têm menos tempo para se preocupar com a alimentação", analisa o empresário. Prova disso é que, mesmo com a desaceleração da economia, a Herbalife atingiu crescimento de 52% no acumulado dos três últimos trimestres de 2011 ante 2010.

Público

O novo nicho de consumidores emergentes tem crescido exponencialmente para a empresa, em diversos setores, e chamado a atenção do mercado como um todo. De acordo com Roberta Kuruzu, diretora-executiva da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd), esse modelo de mercado é bastante representado por camadas com menor poder aquisitivo.

Mesmo inserida no modelo de vendas diretas, o mercado de produtos nutricionais da Herbalife ainda tem como principal público a população mais bem remunerada. É por isso que, inversamente a outras redes, como as de produtos de beleza, por exemplo, a Herbalife investe em estratégias que não apenas permitam, mas estimulem o consumo da classe C. Entre elas, está o lançamento de produtos de menor preço, além de um maior investimento em marketing para a divulgação da linha ofertada pela marca. O número investido no mercado brasileiro não é divulgado.

Campanhas como "Já tomou seu shake hoje?" têm adquirido maior visibilidade em veículos como televisão e revistas e ajudam a divulgar o principal produto da marca para outros públicos: um substituto parcial de uma refeição. Okuhara, no entanto, afirma que a principal força que a Herbalife tem na promoção da marca está nas mãos dos distribuidores independentes, que fazem a revenda pessoalmente e têm catálogos que trazem maiores informações dos produtos.

Revendas

O modelo é destaque diante de outros setores da economia, e Roberta Kuruzu ressalta a maior facilidade de penetração dos produtos, que atingem principalmente as classes C e D. "De maneira geral, as vendas podem retrair-se junto com a economia, mas não na mesma intensidade que ocorre em outros setores."

A Herbalife também afirma estar atenta não apenas à agregação de novos distribuidores independentes, mas na retenção da base de revenda já estabelecida dentro das famílias envolvidas com a marca. "Nós buscamos fazer com que a renda não seja complementar, mas sim substancial para as famílias, que começam com um integrante fazendo a revenda e logo percebem que o mercado é bom e que dele podem retirar a renda principal". Globalmente, a rede conta com 2,5 milhões de distribuidores independentes.

"Existem casos de brasileiros que se tornaram bem-sucedidos aqui dentro e foram vender para fora, e também grupos de revenda estrangeiros que vêm vender no Brasil", diz Okuhara. Para ele, investir tempo nos negócios da distribuição é promessa de uma boa renda.

Concorrência

Outra internacional do ramo de vendas diretas, a Amway, concorrente direta da Herbalife, está de olho no aumento do consumo dos emergentes brasileiros. A empresa, cujo portfólio envolve 450 produtos nas áreas de nutrição, beleza, cuidados pessoais e cuidados com o lar, anunciou aumento de 22% nas vendas na América Latina, no período de setembro de 2010 a agosto de 2011. Os países que contribuíram para esses resultados nas vendas são Brasil, Venezuela e Argentina.

Em nota, Jeff Dahl, presidente da marca na América Latina, diz que, apesar de a economia ainda estar se recuperando de uma recessão global, a empresa segue em crescimento contínuo, investindo nos negócios na América Latina e alcançando resultados positivos, por meio de programas de marketing e incentivo aos revendedores da região. "Com o lançamento de novos produtos, abertura de Centro de Experiência Amway e opções de treinamento, ajudaremos os Empresários Amway [revendedores] a desenvolver seus negócios", diz Dahl.

Os negócios da Amway na América Latina tiveram um aumento de 29% de novos revendedores, em relação a 2010, impulsionando o crescimento nas vendas em países como Brasil, Venezuela e Panamá, cujo foco é a comercialização de produtos da marca. "A Amway Brasil sente muito orgulho de contribuir para o sucesso da empresa na América Latina, atingindo um aumento de 96,8% nas vendas e de 126% de novos empresários. Ao mesmo tempo, este crescimento também se reflete significativamente na indústria de vendas diretas do Brasil", diz Ricardo Castro, diretor-geral da Amway Brasil.

A sede mundial da Amway fica em Ada, no Estado de Michigan, nos Estados Unidos. Além disso, a empresa e suas coligadas são proprietárias ou gerenciam fábricas nos EUA, na China e no Vietnã.



Veículo: DCI


Veja também

BC: cartão de crédito é preferido de classes C,D e E

Ao usar o dinheiro de plástico, brasileiros de menor renda preferem a função "crédito" ao us...

Veja mais
Vendas deverão ser maiores para 61,7% dos lojistas de BH

Mesmo assim, maioria fez menos encomendas.O medo de que a crise europeia afete a economia do Brasil tem deixado lojistas...

Veja mais
Quiosque inova na venda de flores

Principal estratégia é na forma como o produto é apresentado ao público.Flores e bombons s&a...

Veja mais
Máquina de Vendas amplia portfólio

A Máquina de Vendas, segundo maior grupo varejista do Brasil, inicia a comercialização de cinco mod...

Veja mais
Brasileiro fica menos tempo no emprego

Estudo do Dieese mostrou que rotatividade do trabalhador também aumentou na última década.O trabalh...

Veja mais
Comércio prevê alta de 6% neste Natal

Levantamento da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) de SC prevê que o volume d...

Veja mais
Software trava bebida no caixa de supermercado

Sistema identifica bebida alcoólica pelo código de barras e obriga o caixa a pedir RG do cliente para libe...

Veja mais
Forno de Minas revê vendas no varejo

Este foi o ano da consolidação dos negócios no setor varejista da Forno de Minas Alimentos S/A, con...

Veja mais
Pão de Açúcar parte para quiosques

O Pão de Açúcar pretende acelerar a implantação de quiosques dentro das lojas de alim...

Veja mais