Impacto da crise afeta de maneira diferente as operadoras

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A crise financeira mundial causou impactos diferentes nas duas das maiores operadoras ferroviárias do País. A MRS Logística colocou o pé no freio e já revê os investimentos para o próximo ano. Já a América Latina Logística (ALL), a maior em extensão do Brasil, colocou fogo na caldeira e segue a todo vapor rumo ao próximo ano. "Vamos ganhar mercado. Sempre em momentos adversos ganhamos market share, pois, nos produtos que transportamos, o trem ainda tem pouca participação. Temos muito para crescer", disse o confiante presidente da ALL, Bernardo Hees.

 

Segundo ele, a empresa tem em caixa R$ 2,5 bilhões que permitem os investimentos de R$ 700 milhões para o próximo ano na compra de mais 50 locomotivas, 1.3 mil vagões e melhoria da malha. "Quando contratamos as máquinas, não tínhamos a menor idéia de que haveria essa crise. Conseguimos comprar as locomotivas a um dólar a R$ 1,60. Deus protege os inocentes", disse descontraidamente Hees. Acrescentou que nessa onda de compras da ALL foram adquiridos mais 20 mil toneladas de trilhos para 2009.

 

Animado com as perspectivas para o próximo ano, Hees adiantou que a ALL vai iniciar a operação de um trem de oito mil toneladas em 2009. Hoje, a maior composição que a empresa movimenta carrega seis mil toneladas de cargas. "Já estamos adaptando a malha, com a construção de pátios para a operação desse trem que é composto por cerca de 90 vagões. Hoje, operamos com uma composição de até 70 vagões", disse o executivo.

 

Na outra parte da linha, a MRS espera menor crescimento. Já neste ano, a empresa não deverá atingir o volume projetado de 160 milhões de toneladas. Segundo o diretor de relações com investidores da companhia, Henrique Aché Pillar, pelos trilhos da MRS serão transportados 140 milhões de toneladas de carga. Em 2007, levou 126 milhões de toneladas. "Como o minério tem uma participação muito grande na nossa movimentação, isso impactou muito, já que nossos grandes clientes reduziram volumes em função da crise", disse o executivo. Segundo ele, os investimentos realizados ao longo deste ano para suprir a movimentação de 160 milhões de toneladas já foram feitos. "Estamos no olho do furacão, por isso nossas previsões são pessimistas. O setor siderúrgico deu freada nos investimentos com a crise. Mas é importante ressaltar que não vamos parar de crescer, só que menos", afirmou.

 

"Não esperem investimentos nos próximos seis meses, pois boa parte dos aportes já foi feita. Somente no segundo semestre de 2009 vamos começar a discutir com o mercado aportes para 2010", afirmou. Para 2009 a MRS deverá investir, diz o presidente da empresa, Julio Fontana, R$ 800 milhões. "Um número expressivo, mas ainda menor do que prevíamos antes do momentos turbulento que vivemos", disse Fontana. Neste ano, a MRS aportou cerca de R$1,1 bilhão.

 

O executivo ressaltou que os projetos da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), estão garantidos para o próximo ano o que poderá diminuir essa retração. "A sensação que fica é que no final de 2010 teremos perdido um ano. O crescimento que projetávamos em 2008 será dividido por 2009 e 2010", afirmou.


Veículo: Gazeta Mercantil


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