IPI menor já provoca aumento das vendas

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O Natal da aposentada Alaides Dutra vai ter um sabor diferente neste ano. Isso porque graças à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os planos de trocar o fogão finalmente vão se concretizar. "Os preços estão ótimos e vão possibilitar essa troca", afirma Alaides. Além do fogão, uma geladeira novinha em folha também está nos planos da aposentada, que apesar de ainda estar fazendo as contas para levar o item, está tentada diante dos valores. "Se a gente pode pagar menos, é conveniente comprar", sentencia.

O comportamento de Alaides reflete um movimento que começa a ser percebido nas lojas do Centro de Porto Alegre. Desde que o governo anunciou a queda do IPI, na quinta-feira passada, os consumidores começaram a sondar preços e artigos que estavam incluídos na medida. Apesar de o grande movimento ser esperado mais próximo ao Natal, as vendas já começaram a subir frente à queda dos preços.

É o caso da Taqi. Durante o primeiro final de semana após a redução, a grande procura foi por informações. Passados os primeiros dias, a medida começa a surtir efeitos. O gerente Antônio Marcelo da Silva revela que houve incremento de cerca de 20% nas vendas, a maioria delas direcionadas aos refrigeradores de menor valor. "As pessoas estão encarando como uma oportunidade de trocar um produto de valor mais alto, como é o caso das geladeiras", explica o gerente. Ele acrescenta que alguns dos produtos chegam a ter 10% de desconto no preço final, o dobro dos 5% reduzidos no IPI das geladeiras. A medida veio justamente na mesma semana em que começou a vigorar a promoção natalina da rede. Com isso, Silva espera um aumento ainda maior nas vendas até o fim do ano.

Na Manlec a situação não foi muito diferente. Passado o período de especulação dos compradores, desde ontem já é observado um crescimento de 15% na comercialização de itens da linha branca. A meta da companhia, porém, é atingir vendas 30% superiores com base na queda no IPI. A grande preferência também é por geladeiras, com fogões vindo logo atrás entre os produtos mais requisitados. O gerente comercial da Manlec Márcio Alexandre Dorneles Cafarati explica que a equipe de compras da rede já entrou em contato com os fornecedores para renovar os estoques, antevendo a demanda. Apesar do otimismo e do já registrado aumento nas vendas, Cafarati diz que os consumidores ainda estão tímidos. "O fluxo aumentou, mas o cliente está ansioso para ver se essa redução está mesmo compensando", destaca.

Com previsão de crescer 15% diante da derrubada do IPI, a Magazine Luiza já observa elevação de 10% nas vendas. Geladeiras, fogões, lavadoras de roupa e tanquinhos são os principais itens vendidos até agora. Com base nos primeiros movimentos observados, o gerente Martins Luiz de Araújo Neto acredita que a meta deve ser alcançada. "Pela procura que estamos vendo, esse parâmetro vai se concretizar", diz.

Nas Lojas Colombo, os estoques já estão sendo revistos. O diretor de compras e logística da companhia, Gladimir Somacal, alega que as atuais medidas ainda não surtiram o mesmo efeito em relação à redução de IPI aplicada em 2009. Ainda assim, as expectativas são otimistas, com previsão de um retorno de 30% a 40% maior. "Já tínhamos uma programação de aumentar os estoques, mas estamos ampliando um pouco mais." De acordo com ele, a redução do imposto deve fazer diferença, principalmente entre janeiro e março, quando as compras de Natal já tiverem sido efetuadas.


Setor moveleiro também reivindica redução do tributo, a exemplo do que houve em 2009



Menos de uma semana após o anúncio de redução do IPI para a linha branca pelo governo federal, o setor moveleiro gaúcho se movimenta para reivindicar o mesmo benefício. Nos próximos dias, a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) deve encaminhar estudo ao Ministério da Fazenda a fim de solicitar a redução do imposto para os móveis e retomar o crescimento perdido em 2011, ano que deve terminar com estagnação do setor. A proposta é de redução por quatro meses para que, assim como em 2009 - quando o benefício foi concedido pelo mesmo período -, haja crescimento de pelo menos 10%.

O presidente da Movergs, Ivo Cansan, afirma que a redução de cinco pontos percentuais até a isenção do IPI deve retomar rapidamente a desaceleração em exportações e no consumo interno, uma realidade desde a crise de 2008 agravada pelo aumento da oferta em 2011. "Achamos que retomando o consumo no primeiro quadrimestre podemos começar o ano com a continuidade na contratação da mão de obra e nos investimentos", acredita. Conforme o industrial, a concessão dá ao setor moveleiro uma compensação das perdas e uma manutenção dos empregos.

Cansan aposta que o ministro da Fazenda, Guido Mantega - assim como a Secretaria das Relações Institucionais, a Casa Civil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para os quais o estudo será enviado - irão considerar a necessidade de retomada do crescimento do setor a "níveis razoáveis". De acordo com ele, a baixa de juros pode ser um benefício irrisório para o ano que vem, assim como a desvalorização do real para as exportações. Além do IPI, a Movergs conta com o Reintegra, incentivo promulgado na semana passada pelo governo federal e que prevê a devolução de impostos no montante equivalente a até 3% das empresas exportadoras de bens industrializados. "Mas no mercado interno não há perspectiva, porque o nível de emprego e renda não estão subindo", projeta.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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