Segundo a Petrobrás, o crescimento da economia brasileira e o preço pouco competitivo do etanol ajudaram a acelerar a importação do combustível
A Petrobrás deve fechar 2011 importando cinco vezes mais gasolina do que no ano passado, uma elevação que reflete o aumento do consumo interno e o crescimento da economia, segundo o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa.
Ontem, a companhia anunciou uma revisão da previsão de importação no ano para uma média de 45 mil barris por dia (bpd), ante os 32 mil bpd estimados anteriormente. Em 2010, a importação ficou em 9 mil bpd. "Na Europa e no Japão o consumo está caindo. Aqui está aumentando para valores enormes", disse.
A Petrobrás elevou a produção de gasolina em cerca de 40 mil bpd neste ano, mas a melhora foi insuficiente para acompanhar a demanda. O consumo diário brasileiro está em média em 460 mil barris, e a previsão é que 2011 encerre com uma alta de 19% em relação a 2010, ano em que já houve um aumento de 18% no consumo. Entre os motivos, lembrou o executivo, está o preço pouco competitivo do etanol, o que faz com que o consumidor com carro bicombustível prefira abastecer com gasolina.
Com a forte demanda por gasolina, o diretor estima que o consumo de combustíveis neste ano cresça cerca de 7%, ante uma alta de 3,5% a 4% no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2010, com a expansão de 7,5% do PIB, a demanda cresceu 10%.
As informações foram dadas durante o detalhamento do programa da Petrobrás para o diesel S-50 (combustível com menor emissão de enxofre), que começa a ser distribuído em escala nacional (900 postos) em janeiro.
Refinaria. Costa também comentou que há avanços nos esforços da estatal venezuelana PDVSA para apresentar as garantias que habilitarão a companhia a participar de parceria com a Petrobrás na refinaria de Abreu e Lima (PE), numa sociedade defendida pela presidente Dilma Rousseff.
"Está havendo evolução. Já há toda uma documentação que está sendo trabalhada. Tem um processo em andamento no BNDES para fechar as garantias", afirmou.
A refinaria já está com 50% das obras concluídas, até agora com recursos da Petrobrás, que nos últimos meses se mostrou refratária à manutenção da parceria. Na última quinta-feira, em encontro bilateral com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Dilma reafirmou a posição política do governo brasileiro de manter o apoio à sociedade.
A Petrobrás conseguiu um empréstimo de R$ 10 bilhões no BNDES - a brasileira arcaria com R$ 6 bilhões e a PDVSA, com o restante. No entanto, a venezuelana não conseguiu apresentar garantias para o empréstimo dentro do prazo estipulado (30 de novembro) e pediu um novo prazo de 60 dias.
No fim de semana, o presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, disse em Caracas que a estatal havia conseguido um financiamento de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 2,7 bilhões) com o Banco de Desenvolvimento da China. Segundo a agência local de notícias, ele informou ter depositado o montante, no BNDES. O banco estatal não comenta o assunto. Costa afirmou desconhecer se a PDVSA já entregou os documentos de garantias ou valores ao banco.
Veículo: O Estado de S.Paulo