Concorrência com os chineses derruba setores têxtil e calçadista do Ceará

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A concorrência dos produtos importados, especialmente chineses, atingiu duramente as fábricas instaladas no Ceará. No período de 12 meses encerrado em outubro deste ano, a produção industrial do Estado encolheu 12,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Têxteis e calçados são os dois setores mais afetados.

Um dos mais importantes fabricantes de fios de algodão e fibras sintéticas do país, a Têxtil Bezerra de Menezes (TBM), de Fortaleza, prevê para este ano queda de 2% a 3% na produção em relação a 2010. Para o ano que vem, o cenário também não é animador.

"Quando as medidas do governo para contenção do consumo fizeram efeito, boa parte das importações já estava contratada, o que aumentou o peso relativo do importado", explicou Ivan Bezerra, presidente da TBM. Para ele, somente medidas "de equilíbrio" por parte do governo poderiam fazer de 2012 um ano melhor. "Não concorremos com os produtos chineses, mas com o governo chinês, que enche o setor com subsídios", reclama o empresário.

Não são apenas os grandes produtores que estão preocupados com a situação. O mesmo receio se espalha pelas pequenas empresas do Estado. Fabricante de calçados profissionais, a Recamonde, também instalada na capital cearense, vai fechar 2011 com uma queda ainda não calculada na produção. Raimundo Recamonde, o dono da empresa, disse que o ano ruim e o cenário futuro nebuloso trazem a perspectiva de demissões na fábrica, que hoje emprega 130 pessoas.

"Por enquanto, estamos mandando o pessoal para um período de férias coletivas, para cortar um pouco dos custos", disse o empresário. A Recamonde vai ficar parada entre os dias 17 de dezembro e 7 de janeiro.

O uso da capacidade instalada pelas indústrias cearenses também registrou queda. A Kind, especializada na produção de calçados femininos, opera neste último quadrimestre do ano com algo entre 60% e 70% do potencial. Homero Guedes, diretor da empresa, conta que no ano passado, na mesma época, a produção estava a todo vapor.

Em 2011, a empresa deve produzir de 7% a 10% menos do que em 2010, porém ainda não há perspectiva de demissões. Segundo Guedes, além da concorrência com os importados chineses, o comércio varejista também está mais cauteloso nos pedidos. Segundo o executivo, "2012 vai começar com a expectativa de um ano difícil".



Veículo: Valor Econômico


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