Os entraves colocados pela Argentina para a entrada de produtos estrangeiros no país ajudou a derrubar em 22% o volume das exportações de sapatos brasileiros entre janeiro e novembro deste ano, ante mesmo período de 2010, segundo a Abicalçados (associação do setor).
Na semana passada, quando a presidente Cristina Kirchner disse a empresários para não importarem "nem um prego", apenas 30,1 mil pares brasileiros foram liberados para entrar no país. Aguardam licença outros 2,8 milhões, que somam US$ 27,8 milhões.
Algumas empresas do setor dizem que passaram a desconsiderar o mercado vizinho para 2012. Outras cogitam produzir lá por meio de parcerias.
Mesmo com fábrica na Argentina, a Alpargatas encontra dificuldades. "Eles analisam licença por licença. Não é automático para quem tem base própria, como é padrão em todos os países", afirma Márcio Utsch, presidente da Alpargatas.
"A Argentina está exacerbando o protecionismo. A diplomacia brasileira tinha de ser mais dura. Ela age, mas não está repercutindo porque na Argentina não valem as mesmas regras que eles têm aqui."
O diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, diz que "o nível de atividade do mercado interno é que está compensando" o recuo das exportações. O segmento deve crescer até 6% neste ano. Em 2010, chegou a 10,5%.
Outros setores, como de máquinas agrícolas e têxtil, também enfrentam problemas para vender à Argentina.
Número
2,8 milhões de pares aguardam licença para entrar na Argentina
"A diplomacia brasileira tinha de ser mais dura. Está negociando, mas não está repercutindo" (MÁRCIO UTSCH - presidente da Alpargatas)
Veículo: Folha de S.Paulo