O clima adverso e a menor rentabilidade pressionaram os produtores brasileiros de hortifrutis importantes a reduzir a área plantada em 2011. A conclusão é dos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, que divulga nesta terça-feira os resultados de um levantamento realizado nas principais áreas de produção de dez diferentes produtos. Conforme o estudo, no universo pesquisado a área cultivada em 2011 recuou 3,8% em relação ao ano anterior, para 376,802 mil hectares.
Entre os produtos pesquisados pelo Cepea, o mamão registrou a principal retração (13,4%) de área cultivada, reflexo das margens apertadas desde o ano de 2010, que fizeram com que produtores de Estados tradicionais como Espírito Santo e Bahia, que respondem por 80% da colheita da fruta no país, não substituíssem os pomares mais velhos. Em 2011, a área plantada de mamão caiu de 21,399 mil hectares para 18,525 mil hectares.
O tomate apresentou a segunda maior redução de área plantada (11%), influenciada pelas fortes chuvas e pela ocorrência de granizo nos polos de produção de Sumaré (SP) e Paty do Alferes (RJ) na segunda parte da safra de inverno (outubro a novembro), além da redução dos investimentos na região de Itapeva (SP) na safra de verão.
De acordo com o levantamento, a área cultivada de tomate nas regiões pesquisadas passou de 12,434 mil hectares, em 2010, para 11,060 mil neste ano.
As chuvas também contribuiram para a redução da área cultivada de cebola, informou o Cepea. Nas regiões pesquisadas pelo estudo, a área plantada passou de 38,932 mil hectares, no ano passado, para 35,5 mil hectares em 2011 - uma baixa de 8,8%.
Descapitalizados pela queda dos preços durante a safra das águas, os bataticultores também se viram obrigados a reduzir fortemente a área plantada com o tubérculo. Em 2011, a área cultivada caiu 7,7%, para 104,860 mil hectares, de acordo com o Cepea.
Na contramão das culturas pesquisadas pelo estudo, o melão apresentou incremento do plantio (7,9%). Dependente das exportações, a fruta vêm sofrendo com a redução dos embarques desde 2008, período que coincide com o recrudescimento da crise mundial. Neste ano, porém, o aumento da área plantada com vista à colheita da safra 2011/12, que vai de agosto a maio, deve-se à quebra da produção espanhola de melão. Nesse contexto, os produtores esperam recuperar terreno nas exportações da fruta.
Veículo: Valor Econômico