Marfrig terá investimento mínimo em 2012, após BRF

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A Marfrig, empresa de proteína animal e alimentos, deve reduzir os investimentos de capital ao mínimo necessário em 2012, dentro do seu plano de priorizar melhorias operacionais e da meta de gerar caixa positivo.

A informação foi dada ontem por Marcos Molina, presidente da companhia, para uma plateia de mais de 150 pessoas durante evento da Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Neste ano até setembro, a Marfrig investiu R$ 718 milhões.

Segundo ele, os ativos que a companhia receberá por conta do recente acordo firmado com a BRF- Brasil Foods têm ociosidade de 20%, o que permitirá aumento da produção sem a necessidade de fazer novos aportes.

A Marfrig informou que espera incorporar esses ativos, que vão agregar à companhia R$ 1,7 bilhão em vendas anuais, de forma escalonada ao longo de 2012, sendo a maior parte no segundo semestre. Não há, entretanto, uma data precisa para que a empresa assuma as operações, já que a transação ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Executivos da Marfrig disseram também que, além dos ativos, a companhia receberá capital de giro mínimo para tocar as operações da BRF.

A transação com a empresa resultante da fusão de Sadia e Perdigão, que foi obrigada pelo Cade a vender parte de suas operações no país, aumentará de forma relevante as vendas de produtos industrializados da Marfrig no mercado interno brasileiro. Com isso, cresce também a possibilidade de aproveitamento de créditos tributários de ICMS e PIS/Cofins pela empresa.

Tendo em conta o total estimado de R$ 1,5 bilhão em vendas de industrializados no mercado local dos ativos a serem incorporados, o presidente da Marfrig calcula em R$ 300 milhões o potencial de créditos tributários que poderá ativar anualmente. Esse valor, no entanto, não considera impostos pagos em outras fases da cadeia, o que pode resultar em um valor líquido aproveitado menor.

A operação com a BRF ainda precisa ser aprovada pelo Cade, e Molina acredita que o órgão poderá divulgar sua decisão "até o fim do primeiro trimestre".

O executivo afirmou que, pelos termos do negócio, até que as unidades da BRF mudem de mãos e se tornem propriedade da Marfrig, as marcas não poderão perder fatia de mercado. "Se isso acontecer, multas estão previstas", afirmou.

Passarão a ser de Marfrig marcas como Doriana, Rezende, Wilson, Texas, Patitas, Fiesta, Confiança e Delicata.

Segundo a empresa, atualmente a fatia de mercado da Seara em carnes congeladas é de 8,7% e o potencial dos ativos incorporados é de 5,8%. Em industrializados de carne, a Seara tem 7,7% do mercado e vai agregar produtos com participação de 9%. Os executivos esclareceram que esse é o potencial de ganho de participação, mas que a fatia efetivamente alcançada dependerá do trabalho da empresa.

No fim de semana, a Marfrig divulgou que seu controlador continuou a comprar ações da companhia em novembro. A fatia de Molina na empresa subiu de 46,16% para 46,99% no mês passado. Em outubro, ele já havia elevado sua participação de 44,15% para 46,16%.

A 15 dias da divulgação do balanço do terceiro trimestre, em 26 de outubro, o empresário interrompeu as compras e voltou ao mercado no pregão do dia 11 de novembro, data da divulgação dos resultados da Marfrig no trimestre.

Naquela sessão, os papéis da Marfrig subiram 16,7%, para R$ 7,35. Foram negociadas 14,9 milhões de ações, que giraram R$ 106,5 milhões. Molina, naquele pregão, por meio da corretora da Um Investimentos, comprou 1,094 milhão de ações da Marfrig, movimentando, sozinho, R$ 7,8 milhões e pagando preço médio de R$ 7,13.

As compras continuaram em menor volume nos dias seguintes. No total, ele gastou cerca de R$ 32 milhões com a compra de 2,9 milhões de ações. A cada dia, pagou preço médio mais alto.

Molina voltou a suspender compras a partir do dia 25 porque, aparentemente, já negociava a troca de ativos com a BRF.



Veículo: Valor Econômico


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