Legumes, ao contrário, perderam valor com a retração do consumo em novembro, e com a maior produção, favore- cida pelo clima, como o Ceagesp averiguou
Dados consolidados ontem pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), e obtidos com exclusividade pelo DCI, apontam para um crescimento da oferta e das vendas de hortifrútis. No caso das frutas, a despeito do aumento da oferta, alguns itens ficaram até 18% mais caros, devido à demanda do Natal.
No geral, o índice de preços da Ceagesp registrou alta de 2,74%, com destaque a verduras (6,22%) e pescados (5,63%), em novembro. As frutas - categoria mais representativa da cesta de 105 itens - encareceram 3,66%, em média, mesmo com aumento de 50% da oferta. "O produtor se preparou para abastecer o Natal", afirma o economista do Ceagesp de São Paulo, Flávio Godas.
Mas, se no caso das frutas houve crescimento da demanda em função das festas de fim de ano, em legumes e diversos (batata, cebola, ovos e amendoim) o consumo se retraiu: essas categorias tiveram queda de 5,28% e 4,39%, respectivamente, dos preços, impactados por condições climáticas favoráveis à produção e pelo aumento de oferta.
Para Godas, a tendência é de valorização "até o final de fevereiro [de 2012], com certeza", diz ele. O economista considera estável a evolução do indicador entre 2010 e 2011. Na comparação anual, o índice de preços cresceu apenas 0,23% e nos últimos doze meses, decresceu 1,56%. Em novembro, comparado a outubro, as frutas que mais encareceram foram o maracujá (14,6%), o caju (18,9%) e a laranja (6,6%), em função de entressafra; e também a uva, cuja produção foi afetada pelo clima, encareceu 16,1%. Já entre os legumes, a abobrinha (-23,8%), a beterraba (-21,9%) e a cenoura (-15,9%) perderam valor por causa da maior oferta somada à alta no consumo no mês passado.
Com preços baixos ao longo do ano, de modo que ajudaram a segurar a inflação dos alimentos, a batata e a cebola ficaram ainda mais baratas. A antecipação das safras, no Sul e em São Paulo, derrubou os preços desses itens (15,3% e 4,8%, respectivamente) em novembro.
Entre as verduras, categoria que mais encareceu, destacam-se rúcula (26%), agrião (12,7%) e escarola (11,7%). "Mesmo com essas altas, os produtos continuam com preço bom", disse Godas, explicando que a valorização, na verdade, é a recuperação de preços que vinham de uma série de baixas.
Volumes
A Ceagesp comercializou 283,6 mil toneladas de alimentos no mês passado, volume 2,15% maior do que o registrado em novembro de 2010. No acumulado deste ano, a companhia já vendeu o equivalente a 2,93 milhões de toneladas, ou 2,63% a mais do que no mesmo período (de janeiro a novembro) de 2010.
O volume de frutas vendidas cresceu 3,48% no mês, em relação a novembro do ano passado, de 1,49 milhão para 1,54 milhão. O de legumes, 1,19%, de 749,4 mil para 758,3 mil.
As verduras, por outro lado, tiveram queda de 3,36%: o volume caiu de 213 mil para 205,9 mil. "Os produtos [dessa categoria] estiveram muito baratos durante o ano. Na maioria das vezes, não compensou para o produtor encaminhar a mercadoria para cá", disse Godas, explicando que a margem de lucro ficou apertada demais para os agricultores. Ou seja, o preço final das verduras se manteve próximo do custo de produção durante o ano.
"Produtos que tiveram preços bons o ano todo"; a batata e a cebola puxaram a alta do volume de vendas da categoria Diversos, cujo aumento foi de 5,92%, e foram vendidas 323,1 mil toneladas em novembro de 2010, neste ano o número chegou a 342,2 mil.
Na direção contrária estão os pescados, com queda de 3,52%, de 36,3 mil para 37,6 mil toneladas, provocada por fatores ligados ao clima, às chuvas e ao câmbio internacional.
As vendas que mais cresceram no mês avaliado são as das flores. "O setor cresce desde a década de '90, pois os supermercados vendem mais e o hábito do brasileiro de comprá-las se firma", constata Godas. Houve alta de 8,26% nesta categoria: 47,1 mil toneladas foram vendidas em novembro.
Importados
Desvalorizando-se na comparação com o real, o dólar favorece a entrada de produtos importados no mercado brasileiro. A Ceagesp registra que a presença dessas mercadorias cresceu 18% nos armazéns e entrepostos da companhia no ano passado.
A tendência, segundo Godas, é de que ainda maiores volumes de alimentos estrangeiros sejam comercializados aqui. Isso ajuda a manter os preços para o Natal, com volumosa importação de pêras, cerejas, nozes, uvas passas e damasco.
Veículo: DCI