Com o objetivo de ampliar o market share de 60,9% no mercado brasileiro, a maior produtora de cigarros no Brasil, a Souza Cruz, aposta em suas marcas premium para crescer. Além disso, conquistar espaço com a queda de produtos contrabandeados que entram no Brasil também é estratégico. Durante o mês de setembro, a empresa anotou uma receita bruta d R$ 7,9 bilhões, um valor 10% maior do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.
Nos últimos nove meses do ano, após um aumento médio de 11% nos preços dos cigarros, o mercado total brasileiro registrou queda de 1,8%. Com o mesmo mercado e números de produção muito semelhantes, os produtores exploram a rentabilidade brasileira, que hoje representa o sétimo mercado de cigarros do mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos, Japão, Indonésia e Alemanha.
A ampliação de sua participação do mercado premium de cigarros é certamente a principal estratégia da Souza Cruz. Esse setor é onde está instalada a principal concorrente, a Philip Morris, que tem forte atuação com a marca Marlboro. "Hoje estamos vendendo mais as marcas chamadas premium e elas propiciam margens melhores", afirmou Paulo Ayres, gerente de Relações com Investidores na sexta-feira, durante reunião da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).
Já de acordo com o diretor de Assuntos Corporativos da Souza Cruz, Fernando Pinheiro, o segmento premium sempre foi uma prioridade da empresa. "É onde também o nosso concorrente está direcionado. A grande vitória nos últimos dois anos é em relação à nossa performance para o futuro", afirmou Pinheiro. Ainda segundo o executivo, a Souza Cruz acredita que ainda há espaço para crescimento nesse setor, já que ele está se expandindo no Brasil.
"À medida que a economia brasileira avança, isso gera oportunidades para a indústria no que tange à capacidade dos consumidores de fumarem marcas melhores. Temos um espaço muito grande para crescer em market share e pretendemos atrair consumidores que preferem marcas da concorrência", disse Luis Rapparini, diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Souza Cruz.
Mais concorrência
Outro importante concorrente, no entanto, são os cigarros do mercado ilegal, tanto os contrabandeados quanto aqueles produzidos por pequenas fábricas no Brasil, mas que atuam ilegalmente, não pagando os impostos. Segundo o gerente de Relações com Investidores, o contrabando foi, nos últimos anos, muito beneficiado com o real valorizado frente ao dólar.
Luis Rapparini lembra que as ações do governo já estão tendo efeitos contra o contrabando. E abre-se uma brecha que a empresa deve explorar para ampliar a sua participação. "Naturalmente esses consumidores virão para marcas das empresas legais. Essa é uma oportunidade de mercado", afirmou Rapparini.
No Brasil, o prejuízo para o governo com cigarros contrabandeados é estimado em, pelo menos, R$ 1,5 bilhão anualmente.
Vaeículo: DCI