BR Malls compra Shopping Macaé

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A BR Malls concluiu os termos para a compra do Shopping Plaza Macaé, controlado pelo grupo LGR, presidido pela empresária Luciana Rique, filha de Newton Rique, um dos pioneiros na indústria de shoppings no Brasil. O valor acertado foi de aproximadamente R$ 100 milhões, incluindo assunção de dívida do shopping. Segundo pessoas próximas à BR Malls, membros da família Rique têm saído de alguns investimentos nos últimos meses. Procuradas, as empresas não comentaram o assunto.

Foram três meses de negociações para a venda do shopping situado em Macaé (RJ), cuja economia vem crescendo ancorada na extratação de petróleo da Bacia de Campos. A operação contou com a assessoria do banco de negócios BR Partners, que representou a LGR. O Plaza Macaé é considerado um empreendimento de médio porte em relação aos outros negócios da LGR, que incluem o Iguatemi Porto Alegre (310 lojas) e o Iguatemi Salvador (535 lojas).

Com mais um novo negócio, a BR Malls reforça o seu portfólio num ano marcado por uma série de aquisições- entre as principais, 100% do Jardim Sul e 70% de controle de Alvear, controladora de quatro empreendimentos no Sul do país. Maior empresa de shoppings do mercado brasileiro, com quase o triplo da área bruta locável da segunda colocada, a Multiplan, a BR Malls deve anunciar novas aquisições no início de 2012, conforme apurou o Valor.

A família Rique - Newton Rique e os filhos Luciana, Reinaldo, Ricardo e Renato - não está saindo do setor de shoppings, mas há mudanças no portfólio de negócios. A Reishopping, empresa presidida por Reinaldo Rique, irmão de Luciana, vendeu 7,87% do Shopping Iguatemi Salvador à Aliansce Shopping Centers. Reinaldo é acionista da Reishopping e o seu irmão Renato é diretor presidente da Aliansce. Para fechar o negócio foi feito um acordo de co-investimento da Aliansce com o Canada Pension Plan Investment Board.

Luciana, de 33 anos, presidente da LGR (iniciais de Luciana Guimarães Rique), era uma das sócias da Nacional Iguatemi, empresa fundada pelo pai, e em 2003, com a cisão da Nacional Iguatemi Empreendimentos, Luciana assumiu a LGR. No início de novembro, Luciana, controladora da LGR, decidiu reestruturar a empresa.

O braço de participações e de investimentos da LGR e a Flow, companhia que faz a intermediação do aluguel das lojas de 12 shoppings no país, foram vendidos a quatro executivos da LGR. Nasceu, então, a Landis Shopping Centers.

A Landis pertence aos sócios Dorival Regini, presidente, Fernanda Hermanny, diretora financeira, Breno Groisman, diretor de comercialização, e Eoin Slavin, que cuida de novos negócios e investidores. A aquisição foi feita com dinheiro próprio dos executivos, sem aporte de fundos ou private equity, disse Regini.

A Landis nasceu com participação em nove shoppings. Além do Plaza Macaé, vendido à BR Malls, há ainda centros comerciais em Pelotas e mais um em Santa Maria, ambos no Rio Grande do Sul; um em Piracicaba, em São Paulo, e um em Mossoró, no Rio Grande do Norte. A Landis tornou-se responsável pela operação de aluguel de lojas em 12 shoppings, através da Flow.

A estratégia da Landis não é competir em áreas já dominadas pelo grandes grupos, mas explorar cidades onde ainda não existem shoppings de maior porte, como Rio Branco, no Acre.

"Estamos em busca de cidades emergentes, não vamos ficar brigando em grandes centros", afirmou Regini. O shopping Vila Verde, em Rio Branco, que recebeu investimento de R$ 100 milhoes, foi inaugurado em 8 de novembro, com 100 lojas e quatro salas de cinema. Por ser o primeiro empreendimento do tipo da cidade, só no primeiro dia, atraiu 35 mil pessoas. Além da Landis, que administra o shopping, são sócios no negócio a Prosperitas, a Bicar e a LGR.

Ao todo, as vendas das lojas em shoppings em que o grupo tem participação representam faturamento de R$ 1 bilhão por ano.

A Landis já negocia novos empreendimentos. Um deles é em Marabá, no Pará. "Continuaremos atuando em cidades médias, onde há um consumidor de classe média ávido a consumir e sem opção", diz o presidente. Mas Regini não descarta ser uma segunda opção em cidades onde o shopping que lidere esteja saturado e dá o exemplo de Sorocaba. "São regiões onde ainda há amplas áreas, onde não precisamos recorrer à verticalização, que encarece o empreendimento". O objetivo é lançar um novo empreendimento por ano com investimento médio de R$ 70 milhões.

Há 10 anos, Dorival Regini entrou no grupo LGR. Antes trabalhava na area imobiliária do fundo de pensão Previ. "O fundo tem participação em 20 shoppings dos mais variados grupos", explica o presidente da Landis. A experiência o fez conhecer de perto as administrações da Multiplan, do Iguatemi, da Alliansce - empresas de grande porte com os quais a Previ tem parceria em empreendimentos. Por isso, o executivo sabe que para crescer precisa também da parceria de grandes investidores.

"Você pode olhar para o portfólio de todas estas grandes administradoras, nenhuma delas é dona sozinha de um grande shopping", analisa. "Não dá para crescer sozinho", diz Regini.


Veículo: Valor Econômico


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