Companhia vai ampliar em40%a produção do tempero em Limeira. Investimentos fazem parte de um pacote de R$ 290 mi que serão aplicados no Brasil até 2013
A partir deste mês, a fábrica da Ajinomoto localizada em Limeira,no interior paulista, será invadida por caminhões carregados de equipamentos dos mais diversos tipos. O motivo da agitação é simples. A companhia vai desembolsar R$ 47 milhões ao longo do ano para ampliar em 40% a capacidade de produção do tempero Sazón, o carrochefe da empresa no Brasil. Hoje, a unidade fabrica cerca de 20 mil toneladas do tempero.
Em uma rara entrevista, Etsuhiro Takato, o bem humorado presidente da subsidiária local, diz - sem se arriscar no português, embora embora esteja há dois anos e meio no comando da filial local - que se trata do investimento mais importante da Ajinomoto no Brasil.
Ao receber o BRASIL ECONÔMICO em seu escritório, na Vila Mariana, em São Paulo, Takato disse que a crise global não assusta a cúpula da multinacional. “Os planos para avançar no Brasil e na América Latina não sofreram modificações”, disse. Entre 2011 e 2013, o Brasil deve receber R$ 290 milhões, dos quais R$ 90 milhões já foram aplicados.
Manter o investimento em Limeira, inclusive, será fundamental para que a empresa alcance a meta de crescimento anual projetada em cerca de 15% para os próximos cinco anos.Ocrescimento será impulsionado, sobretudo, pelo desempenho da área de alimentos. No exercício fiscal de 2010, que considera o período entre 1º de abril a 31 de março, a subsidiária faturou R$ 1,55 bilhão.
Em 2011, mesmo sem os números fechados ainda, a estimativa é crescer 16% e alcançar R$
1,8 bilhão. Oaumento de consumo de alimentos no país é um dos fatores que colaboram para o desempenho. Com isso, o Brasil, que já é o terceiro mercado mais importante para a Ajinomoto no mundo, está sob os holofotes da cúpula global da organização. No ranking de maiores receitas - o faturamento global é da ordem de US$ 14 bilhões -, apenas Japão e Tailândia superam o Brasil.
A receita no país vem de quatro divisões. A mais rentável é a de alimentos. A soma das divisões food (produtos para o consumidor final, como as sopas Vono, refrescos MID, além do Sazón e o Ajinomoto) e food ingredients (realçadores de sabor para indústrias) respondem por quase 70% do faturamento. O restante está nas mãos das divisões de nutrição animal e aminoscience (aminoácidos para cosméticos e indústria farmacêutica).
Além da indústria em Limeira, a multinacional japonesa detém fábricas em Laranjal Paulista, Pederneiras e Valparaíso, todas no interior paulista. A necessidade de ampliar a produção de Sazón é urgente. “Nossas vendas estão mais ou menos se equiparando à capacidade de produção”, diz Takato.
A marca, considerando-se apenas o produto em pó, é líder no mercado de temperos vendidos para o consumidor final no varejo, com 82% de participação em volume. Em cinco anos, pode chegar a 85%. Além desse nicho, a empresa também fornece o ingrediente para o food service.
A disputa da Ajinomoto nesse mercado é com Unilever e Nestlé. Segundo Silvio Laban,
do Insper, o Sazón só não lidera no Norte e no Centro-Oeste do país. “O desafio para ganhar espaço no Nordeste e Norte será desenvolver produtos para o paladar local”, diz Laban.
Veículo: Brasil Econômico