Os custos da pecuária de leite, segundo o Índice de Custo de Produção de Leite calculado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite Embrapa Gado de Leite (ICPLeite/Embrapa Gado de Leite), ao longo de 2011, acumularam alta de 19,19%, frente aos apurados no ano anterior. A elevação observada nos preços dos grãos, principalmente milho e soja, foi a principal responsável pelo encarecimento da atividade.
A tendência, no curto prazo, é de novas altas que serão provocadas pelo reajuste do salário mínimo e a constante valorização dos grãos. Em dezembro o ICPLeite/Embrapa, índice que mede a variação no custo de produção do leite, foi 180,64. O valor indica que no mês passado o ICPLeite/Embrapa teve alta de 0,44% comparado com novembro de 2011.
De acordo com o analista da Embrapa Gado de Leite, Alziro Vasconcelos Carneiro, ao mesmo tempo em que os custos eram alavancados, também foi registrada alta nos preços pagos pelo litro de leite, porém em níveis menores. De acordo com os dados da Scot Consultoria, o preço do leite em Minas Gerais ficou em média 14% superior em 2011.
"A valorização do leite no mercado compensou parte da alta observada nos custos de produção. A tendência é que ocorram novas elevações que serão promovidas, principalmente, pelo aumento do salário mínimo. Como a pesquisa é baseada na pecuária leiteira de alta tecnologia, a manutenção dos preços do milho e soja em alta também contribuirá para o aumento dos custos, uma vez que mesmo diante a maior oferta de pastagem, a utilização de concentrado é necessária", disse Carneiro.
De acordo com os dados da Embrapa Gado de Leite, em dezembro os custos de produção se mantiveram praticamente estáveis, com variação positiva de 0,44% se comparado com novembro de 2011.
No mês passado, dos oito grupos pesquisados, apenas o de reprodução não apresentou alta, se mantendo estável a novembro. O maior incremento nos custos foi registrado no grupo de sanidade, que encerrou o período com alta de 2,88%.
No grupo de sal mineral, a alta foi de 2,02%, seguido por qualidade do leite com incremento de 1,55%; energia e combustível, 0,74%; mão de obra, 0,73%; compra e venda de volumosos, de 0,71% e concentrado, 0,02%.
De acordo com Carneiro, a alta em sanidade foi impulsionada pelo reajuste dos preços de vermífugos e vacinas. No grupo qualidade do leite, devido à variação nos valores dos detergentes utilizados na limpeza das ordenhadeiras e tanques de expansão.
No acumulado janeiro a dezembro de 2011, a alta nos custos de produção chegou a 19,19%. No intervalo, todos os grupos de insumo tiveram os preços reajustados. As maiores evoluções foram observadas nos grupos de produção e compra de volumosos, com alta de 41,37% e de qualidade do leite, 31,89%. A elevação que causa mais impacto na produção leiteira foi observada no grupo de concentrado, que evoluiu 12,75%. O grupo é responsável por 57,54% da composição dos custos de produção.
Reprodução - Também tiveram valorização significativa os itens que compõem o grupo de reprodução, que aumentou 27,10%, seguido pelo sal mineral, 17,62%; sanidade, 15,41%; concentrado, 12,75%; mão de obra, 10,50%; energia e combustível, 9,97%.
No grupo de produção e compra de volumosos, onde foi registrada a maior alta, a variação ocorreu pelo aumento nos preços dos itens para a produção de silagem e de cana-de-açúcar, principalmente.
Em concentrado, a alta foi impulsionada pela valorização dos preços da ração bovina, polpa cítrica e fubá de milho. Estes itens foram reajustados devido ao aumento da cotação dos grãos, milho e soja, em um período de alta demanda e oferta reduzida.
Veículo: Diário do Comércio - MG