Roupa clássica resiste aos chineses

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A roupa clássica absorve as tendências de moda mais lentamente, mas nem por isso deixa de apresentar inovações ao mercado.
 
Os empresários que visitaram a Fenim outono-inverno 2012, feira de moda que terminou na última sexta-feira em Gramado (RS), puderam ver um pouco dessas novidades, presentes em marcas como D´Anello e Apa, decanas de um mercado que se ressente fortemente da concorrência dos chineses. O empresário Luiz Roberto Apa comenta que das 100 grandes fabricantes locais de ternos existentes há 44 anos, restaram apenas cinco. Ao todo, a marca dele fabrica cerca de 50 mil ternos por mês. "Sem a China, eu faria 100 mil", afirma.
 
O empresário estima que o mercado brasileiro comercialize 1,5 milhão de ternos por ano, incluindo os importados. "Desse total, a Apa responde por cerca de 600 mil ternos", acredita ele.
 
A marca tem duas fábricas. Uma em Leopoldina (MG), que produz mensalmente, 8 mil calças avulsas e 32 mil ternos, distribuídos para aproximados 1,2 mil pontos de venda do País, com marca própria e produção concebida para terceiros. E a outra em Duque de Caxias (RJ), que produz 15 mil unidades mensais. Além da "alfaiataria artesanal industrializada", projeto implantado pela Apa há um ano para fabricação de ternos sob medida, que envolve cerca de 100 lojistas parceiros e uma produção mensal de 80 a 100 ternos. A meta é chegar a mil.
 
Novidades – A grande novidade da Apa para o inverno 2012 é o paletó de veludo. "Para o próximo verão, a novidade serão os paletós desestruturados. São feitos de algodão pré-lavado, com entretelas mais leves, forros e aviamentos diferenciados", define Luiz. É uma aposta da Apa no esporte fino.
 
Ainda este ano a empresa lançará uma coleção feminina de camisas de tecido pima (algodão peruano) e, para 2013, promete uma coleção feminina de ternos, que serão produzidos na Itália para a marca brasileira.
 
Tendências –  A marca paulistana D´Anello também apostou na qualidade como diferencial  para se manter por 45 anos nesse mercado, fortemente impactado pelas importações. A marca produz uma moda social clássica, evolução de um negócio que nasceu fazendo roupas de couro e que atualmente fabrica ternos masculinos e femininos, além de jaquetas. À qualidade, disse o empresário Francesco D´Anello, a marca soma a preocupação com o estilo contemporâneo das peças e acabamento diferenciado – como a bandeirinha do Brasil na parte interna dos paletós –, misturas de couro e naylon em jaquetas, e detalhes coloridos nos punhos, por exemplo.
 
Entre as tendências do segmento, Francesco menciona o uso de apenas um botão nos paletós, e a diminuição do tamanho das lapelas dos blasers e seu comprimento encurtado, "suficiente para cobrir o bumbum". Além disso, a peça tende a ficar mais justa ao corpo, "mas sem perder a comodidade".
 
As calças dos ternos também tendem a ser "mais secas" nas coxas e mais justas na boca, com comprimento que permite a visão do salto do sapato, absorvendo tendência geral de moda.
 
"No social clássico, para homens, as mudanças são demoradas, absorvidas paulatinamente", ressalva Francesco. Quanto às cores, eles destaca o uso crescente do cinza, predominância do preto, perda de espaço para a risca forte de giz, além de gravatas mais estreitas. Os produtos da D´Anello, desenhados para as classes A e B, abastecem cerca de 200 clientes, com marcas próprias e desenvolvimentos terceirizados, que representam, segundo o empresário, 60% do faturamento da empresa. D´Anello também reclama da predonância dos importados. "O impacto é muito grande. Os que conseguiram sobreviver, como nós, são heróis", sentencia.

 
Fenim reuniu vários ramos da moda
 
A Fenim outono inverno 2012, Feira Nacional de Moda encerrada na última sexta-feira, em Gramado, patrocinou a visita de cerca de 6,2 mil compradores, empresários independentes ou de redes de varejo espalhadas pelo País, especialmente das regiões Sul e Sudeste. Segundo o presidente da Expovest, organizadora do evento, Julio Viana, foram investidos R$ 1,6 milhão só em acomodação dos lojistas na cidade. Os expositores, em torno de 450, representaram, segundo Viana, 1,8 mil marcas de variados segmentos do setor de vestuário (exceto moda infantil). Segundo o executivo, os temores do mercado em relação à crise econômica europeia não afetaram os negócios da feira. "Com a crise, o empresário sabe que é hora de investir", analisa Viana.
 


Veículo: Diário do Comércio - SP


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