Varejistas inventam 'vendedor virtual' para lucrar nas redes sociais

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O Magazine Luiza começou a recrutar ontem internautas para vender seus produtos nas redes sociais. Desde agosto do ano passado, a varejista testa o programa "Magazine Você", que adaptou para o Facebook e para o Orkut o modelo de venda porta a porta. Até então, apenas um grupo de mil familiares de funcionários poderiam ser "vendedores virtuais" da rede.

Cada internauta ganha uma loja virtual personalizada do Magazine Luiza, que pode oferecer até 60 itens disponíveis no site oficial da varejista. Eles recebem entre 2,5% e 4,5% de comissão pelas vendas, dependendo do produto. A meta da empresa é abrir 10 mil lojas nas redes sociais até o final do ano.

"Queremos pessoas que escrevam resenhas relevantes, que tenham uma quantidade grande de amigos e que gerem elogios, comentários. Avaliamos não só o desempenho das vendas", disse o diretor de marketing e vendas do Magazine Luiza, Frederico Trajano.

A dona de casa Elys Bertoni, 27 anos, foi umas das selecionadas para o projeto-piloto do programa. Casada com um funcionário da empresa e ex-empregada da rede, Elys parou de trabalhar há um ano para cuidar de duas filhas e hoje se dedica à loja virtual. "O computador fica ligado o dia inteiro. Mas eu faço o almoço, brinco com as meninas e, quando tenho um tempo, publico uma oferta no Facebook", disse a dona da loja Magazine Magia, nome que reúne as iniciais das filhas Maria, Giovana e o "A", de "anjo", palavra que representa seu terceiro bebê - ela está grávida de cinco meses.

A motivação para se tornar uma "vendedora virtual" foi a possibilidade de ter uma renda sem sair de casa. Só em janeiro, a dona de casa vendeu R$ 11 mil - o que lhe renderá entre R$ 275 e R$ 495 no mês. Um dos segredos para vender é pedir desconto para o Magazine Luiza quando o cliente encontra preço menor na concorrência. "Eles mudam momentaneamente o preço na minha loja, só para eu não perder a venda", diz Elys.

Pioneiro. Mas o Magazine Luiza não foi a primeira grande varejista a criar um modelo de venda direta nas redes sociais. O site Compra Fácil lançou em julho um sistema de afiliados para vender seus produtos na internet, tanto em redes sociais quanto em blogs e até por e-mail. Hoje, eles somam 15 mil colaboradores e uma venda mensal conjunta de R$ 1 milhão. Até o fim do ano, a meta é chegar a 35 mil vendedores.

"Algumas pessoas são menos ativas. Mas temos casos de pessoas que venderam até R$ 300 mil em um mês. Quem souber usar suas redes de contato pode faturar alto", afirmou o diretor de Marketing do Compra Fácil, Leandro Siqueira.

Na prática, a empresa criou a figura do "vendedor" para o e-commerce. A inspiração para esse modelo veio do próprio acionista da empresa, o grupo Hermes, um dos maiores em vendas diretas do Brasil, com cerca de 500 mil consultores.

"O que está por trás desse negócio é a rede de relacionamento dos vendedores. Os clientes tendem a comprar o que seus amigos compram ou recomendam", disse Siqueira.

Outros modelos. Enquanto o Magazine Luiza recruta vendedores que vão reverberar suas ofertas pela rede social, outras empresas apostam no poder de atração de sua marca e comandam as próprias lojas virtuais no Facebook - movimento chamado no mercado de tecnologia de f-commerce.

O Meu Shopping é um aplicativo que reúne diversas marcas de moda e consumo, entre elas Hope, Reserva, Enoteca Fasano, Cantão e Richards. Até o fim do mês que vem, de acordo com a ELike, empresa responsável pelo Meu Shopping, será inaugurada a loja da operadora Vivo. A meta, segundo Tatiana Albuquerque, sócia da ELike, é ter 60 lojas virtuais em funcionamento até o fim do ano.

"O cliente tem duas formas de acesso: pode acessar a página da marca e entrar na loja por meio dela ou então ir pelo Meu Shopping, que dá acesso a todas as marcas disponíveis com um só cadastro", explica Tatiana. "As lojas são administradas pelo próprio lojista. Nós somos sócios do empreendimento. Recebemos um porcentual da venda. O cliente só nos paga quando o projeto dá resultado."

Apostando em outro nicho do e-commerce - as pequenas empresas que querem montar uma loja virtual sem gastar muito - está o Face Commerce. Desenvolvido pela agência WVTodoz, a plataforma hoje reúne cerca de 1,7 mil lojas de pequeno porte. A maior parte delas é ligada ao mundo da moda, de acordo com Rodrigo Demétrio, um dos idealizadores da proposta. O espaço virtual de vendas é mantido com uma assinatura mensal mínima de R$ 35 (valor do plano semestral).


Veículo: O Estado de S.Paulo


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