Está em desenvolvimento método para ser usado em escala industrial que permite a retirada de todo o óleo da fruta.
Uma equipe do Setor de Biotecnologia e Tecnologia Química do Cetec viajou ao Norte de Minas para prospectar o mercado de frutos do cerrado e obter matéria-prima para o projeto "Tecnologias inovadoras para o aproveitamento alimentício dos frutos do buriti (Mauritia flexuosa L.) e pequi (Caryocar brasiliense Camb.)".
A pesquisa tem como objetivo o desenvolvimento de novas tecnologias para a extração de óleo de alta qualidade, bem como o aproveitamento dos subprodutos destes frutos, como a castanha de pequi. A fruta, típica do cerrado brasileiro, é fonte de vitaminas A, C e E e sua polpa é rica em óleo comestível. Atualmente, a extração do óleo é realizada de maneira rudimentar, com baixo aproveitamento da polpa.
O foco da pesquisa é o desenvolvimento de um novo método, para ser usado em escala industrial, que possa retirar praticamente todo o óleo da fruta com alto nível de pureza. Ele pode ser utilizado em substituição ao óleo de cozinha, como condimento, alimento funcional e ainda como matéria-prima para administração de medicamentos e fabricação de cosméticos.
O produto final poderá ser implementado na merenda escolar das escolas do Norte de Minas, resultando na melhoria da qualidade nutricional na região, notória pela dicotomia entre a carência da população e a riqueza em recursos naturais.
O novo processo oferece produtos de alto potencial comercial, como o pó de pequi, que pode ser consumido como tempero do tipo curry ou como matéria-prima para suco concentrado, e a castanha. "Hoje, boa parte das amêndoas é descartada durante o processo de produção do óleo. O processo utilizado é uma guilhotina onde o endocarpo (parte mais interna do fruto) é cortado ao meio. Isso inviabiliza a comercialização da castanha", explica o pesquisador e autor do projeto, Lincoln Cambraia Teixeira. O método permite também a extração de óleo de frutos como açaí, abacate, buriti e dendê.
A pesquisa inegra o Programa de Incentivo à Inovação (PII) do Cetec. O PII é um programa da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), coordenado pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT Cetec), que visa promover a inovação e fomentar a aproximação entre o conhecimento científico e as demandas empresariais. O projeto tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O estudo foi feito neste mês e contou com apoio do Cetec-Senai, convênio entre o Governo do Estado, a Sectes e o Cetec, com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com o objetivo de consolidar o Cetec como o maior centro de inovação no país.
Além de Teixeira, a equipe em missão foi formada pela engenheira de alimentos Isabela Oliveira e pelos técnicos João Batista Faria dos Santos e Ilton Nunes.
Veículo: Diário do Comércio - MG