Depois de patinar no ano passado, o setor de papel e papelão continua pessimista com 2012. A crise internacional, somada a uma política monetária insuficiente para resolver os gargalos das empresas do ramo, puxa para baixo as expectativas do segmento. Após registrar alta de 1,8% em 2011, o temor é que o atual exercício seja de retração.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel e Papelão no Estado de Minas Gerais (Sinpapel-MG), Antônio Baggio, nem mesmo os resultados favoráveis do setor de celulose foram suficientes para minimizar o mau momento.
A raiz do problema é a valorização do real que mina a competitividade da indústria e reduz as exportações. De acordo com Baggio, o atual câmbio ainda não interfere fortemente nas vendas de celulose, mas as de papel e papelão estão desabando. Ele estima que para retomar o fôlego das comercializações para o exterior, seria necessário que o dólar estivesse cotado a R$ 2,30.
Outro fator que tira o equilíbrio do segmento é a queda do preço do papel e também da celulose na esteira da crise internacional. "Se os preços continuarem caindo, acredito que vamos fechar 2012 com resultados piores do que os do ano passado", enfatiza. Além da questão da exportação puxada pelo real valorizado, o segmento sofre com a possível redução da demanda da Europa e da China e com a alta nos valores das matérias-primas.
Baggio diz que a esperança do Sinpapel-MG é que o Banco Central continue reduzindo a taxa de juros, atualmente cotada em 10,5% ao ano. Ele lembra que mesmo com os últimos cortes, o Brasil continua com a maior taxa de juros líquida do mundo, descontada a inflação, o que impulsiona a entrada de dólares no país e pressiona o câmbio. "Se tivéssemos juros de 8%, o real ficaria menos apreciado e poderíamos salvar a indústria", opina o presidente da entidade.
Alento - Um outro alento seria que em cidades onde as sacolas de plástico serão banidas, como ocorreu em Belo Horizonte, os supermercados optassem por embalagens de papel. Na Capital, a medida em vigor desde o ano passado não trouxe vantagens para as empresas do ramo já que o setor supermercadista optou por não arcar com custos mais salgados. "Isso é coisa de gente retrógrada. O papel é o produto mais ecológico e com melhor custo-benefício", garante Baggio.
Com essa conjuntura adversa, a capacidade ociosa do setor em Minas Gerais, beira 35%. Hoje existem no Estado 250 companhias filiadas ao sindicato, número que há quatro anos chegava a 350. Baggio explica que além do fechamento de algumas firmas, o ramo perdeu força com a transferência de negócios para outros estados. Porém, ele diz que a medida do ex-governador Aécio Neves de reduzir o peso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) em 2009, freou esse movimento.
Atualmente o segmento em Minas ocupa o quinto lugar no ranking do país, ficando atrás de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com as perdas do setor, a geração de emprego também foi afetada. Atualmente, o setor emprega 22 mil pessoas, 12 mil a menos do que em 2008.
Veículo: Diário do Comércio - MG