Dois anos depois de abrir escritórios na Europa e nos Estados Unidos e de fortalecer sua operação internacional, a Havaianas descobriu que, por mais bonita e "brasileira" que seja a sandália, ela não sai do armário quando o frio é negativo.
A Soul Collection, linha de tênis, alpargatas e "desert boots" da marca, foi lançada em 2010 como uma tentativa de driblar a sazonalidade nos países de inverno mais rigoroso. No primeiro ano, o Brasil só recebia 10% da produção da nova linha. "Só lançamos aqui porque achamos que não fazia sentido que uma empresa brasileira tivesse uma linha com circulação restrita ao mercado internacional", conta Carla Schmitzberger, diretora de sandálias da Alpargatas, gestora da marca.
Com preço médio de R$ 80 e uma grande variedade de cores e modelos, porém, ela começou a ter uma boa saída também por aqui. Em 2011, foram vendidos cerca de 300 mil pares de calçados, cinco vezes mais que em 2010. Além da aceitação da Soul Collection, a distribuição de vendas, que, desta vez, dividiu-se igualmente entre o mercado interno e externo, também surpreendeu a equipe encarregada do novo projeto. Para 2012, a expectativa é chegar a um milhão de pares e garantir a presença dos produtos em "boa parte" das 210 lojas Havaianas pelo país - hoje eles estão em 170.
Neste ano também será ampliada a coleção infantil e começarão a ser testados novos materiais, como renda e nylon. O portfólio da Soul Collection tem cerca de 140 peças, contra 550 das sandálias tradicionais. Tudo é produzido no Brasil, sendo a maior parte na planta que a Alpargatas mantém em Santa Rita (PB). A linha recebeu esse nome, segundo Carla, porque tem a alma ("soul", em inglês) da Havaianas - todos os calçados são feitos com a sola das sandálias.
Veículo: Valor Econômico