O Grupo Silvio Santos (SS) quer dividir o comando da empresa de venda direta Jequiti ainda no primeiro semestre deste ano. A intenção é formar uma joint venture com um grupo de cosméticos, com a fatia de cada um a ser definida. "Se você quer ser grande, tem que ter grandes marcas. E construir marcas é muito difícil", diz o presidente da varejista, Lásaro do Carmo Jr. A venda de toda a companhia não é descartada, mas não é o objetivo. Em dezembro o grupo contratou o banco de investimentos Barclays para conduzir o processo.
A parceria com a fabricante de perfumes Coty, francesa com sede nos Estados Unidos, ficou muito perto de ser fechada em 2011. A Coty chegou a fazer diligência na Jequiti por quatro meses, segundo apurou o Valor. Mas a operação foi adiada devido à dificuldade de levantar recursos com acionistas em um momento de incertezas econômicas fora do país. A Coty, de capital fechado, somou vendas de US$ 4,1 bilhões no ano fiscal encerrado em junho de 2011.
O processo deu um passo atrás, mas o interesse foi mantido. A Coty deve voltar à mesa agora em fevereiro, quando a Jequiti retoma as negociações com os pretendentes. "São mais de dez, o que inclui as maiores empresas de cosméticos do mundo", diz Carmo.
Companhias nacionais de cosméticos não estão no páreo até o momento, segundo ele, mas fundos de investimento estão. Uma possibilidade é formar um tripé: o fundo entraria com o capital; o fabricante de cosméticos com pesquisa e desenvolvimento e poder de marca; e a Jequiti com a distribuição.
Carmo nega que a intenção de dividir o comando de Jequiti seja posterior ao rombo no banco PanAmericano, também do Grupo Silvio Santos. "Desde 2008 buscamos um parceiro para crescer", diz. O apresentador Silvio Santos acompanha o processo de perto e a definição de um sócio vai passar pelo crivo dele.
O parceiro traria o reforço que a Jequiti deseja para alcançar mais rapidamente o objetivo de abrir o capital. O plano de chegar a R$ 1 bilhão de faturamento em 2013 fica um pouco mais distante com a desaceleração das vendas em 2011. A previsão da Jequiti era crescer 40% em relação a 2010, mas o avanço foi de 20%, para R$ 410 milhões. "O mercado deu uma retraída", diz Carmo. Em 2010 a expansão tinha sido de 84%. Mais cauteloso, ele estima outros 20% para este ano.
O plano de ter uma fábrica, que chegou a ser projetado para 2012, ficou para 2013. O investimento seria de R$ 100 milhões. Sem produzir qualquer um dos 900 itens de seu catálogo, a Jequiti chegou à terceira posição no mercado de venda direta de cosméticos do Brasil, diz Carmo. Com 190 mil consultores e apenas 3% do mercado, a companhia ainda está muito atrás das gigantes Natura e Avon.
Uma parceria em perfumaria seria um reforço no projeto de nacionalizar a produção de marcas internacionais - como a Jequiti fez em 2011 com o perfume Sean John, pertencente a uma divisão da Estée Lauder. Custando metade do preço do importado, cem unidades da marca foram vendidas em seis meses, segundo a empresa. A Jequiti já firmou acordos para nacionalizar três marcas em 2012 e duas em 2013, de acordo com Carmo. "Queremos popularizar o luxo", diz.
A Jequiti também está dobrando de tamanho seu centro de distribuição em Osasco (SP), para 18 mil m2, e vai abrir ainda neste ano outros dois centros de distribuição, no Nordeste e no Sul.
Atualmente, enquanto um item demora 24 horas para chegar à casa de uma revendedora paulista, o prazo é de 7 a 15 dias no Nordeste, região que mais cresce no faturamento da Jequiti.
Veículo: Valor Econômico