As exportações de produtos agrícolas importantes decepcionaram em janeiro, de acordo com números divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). É verdade que os preços das commodities em geral recuaram nos últimos 12 meses, mas também houve quedas em volumes de vendas. É muito cedo para afirmar se a meta do Ministério da Agricultura de alcançar US$ 100 bilhões em exportações do agronegócio em 2012 está em xeque, mas, diante das turbulências financeiras globais, não foram bons sinais.
No caso do café as exportações nos 22 dias úteis do último mês renderam US$ 559,2 milhões, com baixas de 24,9% em relação a dezembro e de 0,62% ante janeiro de 2011. Em volume, foram embarcadas 1, 951 milhão de sacas, recuos de 25,76% e de 24,56% em iguais comparações.
Já os embarques de suco de laranja, que sofrem restrições nos EUA há quase três semanas em função da presença de um fungicida permitido no Brasil, mas proibido no mercado americano, alcançaram US$ 171,7 milhões, recuos de 15,66% ante dezembro e de 30,11% sobre janeiro de 2011. Em volume, as 176,5 mil toneladas embarcadas representaram alta de 13,79% sobre dezembro, mas na comparação com janeiro de 2011 a queda foi de 18,96%.
Os embarques de açúcar foram menos frustrantes. O país exportou em janeiro 1,231 milhão de toneladas do produto - 950,7 mil toneladas de açúcar bruto e 280,4 mil açúcar branco -, 4,9% abaixo de janeiro de 2011, mas renderam US$ 744 milhões, alta de 2,3%. A receita aumentou por conta de contratos negociados antes do aprofundamento da tendência de queda de preços, mas os embarques estão menores devido a uma produção também mais baixa na produção nacional.
O destaque positivo dos números divulgados pelo MDIC foi a soja, principal produto do agronegócio brasileiro. A receita dos embarques de soja em grão caiu 33,7% sobre dezembro, mas mais do que triplicou na comparação com o janeiro de 2011, alcançando US$ 461,8 milhões. Em volume, foram 1,012 milhão de toneladas, queda de 31,2% ante dezembro, mas alta de 386,2% em relação a janeiro de 2011. O problema é que, neste caso, a base de comparação é baixa, já que no início do ano passado a oferta estava particularmente baixa por conta de atrasos no plantio e na colheita da safra passada (2010/11). E, segundo as indústrias do segmento, a tendência é de queda em 2012 (ver abaixo).
Segundo Amaryllis Romano, economista da Tendências Consultoria, é preciso olhar com mais cuidado os números. Ela diz que o aumento das exportações do complexo soja se deve principalmente à colheita recorde 2010/2011, de 75,32 milhões de toneladas, a maior da história. Segundo ela, o resultado não representa uma tendência neste momento de auge da entressafra. As vendas de algodão, por exemplo, cresceram 202,33% em receita ante janeiro de 2011 para US$ 103,7 milhões. O volume aumentou 173% para 52,7 mil toneladas. "Não estamos com uma safra boa e o clima afeta a produção e o escoamento da safra", diz.
Veículo: Valor Econômico