Fibria ajusta investimentos e espera melhoria de preços

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A Fibria, maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto, manteve a estratégia de disciplina financeira e reduziu os investimentos orçados para 2012 em relação ao ano passado. A companhia, que revelou prejuízo de R$ 868 milhões em 2011 - ante lucro de R$ 603 milhões no exercício anterior - prevê aportes de R$ 1 bilhão ao longo deste ano, destinados "majoritariamente à manutenção da operação".

Mas a direção da companhia acredita que, embora o início deste ano será marcado por incertezas em relação aos rumos da economia mundial, a expectativa é de retomada para os negócios de celulose. Diante da inexistência de oferta adicional da matéria-prima, da recuperação das encomendas chinesas e do provável retorno da demanda americana pela fibra, aposta-se na tendência de alta de preços, já indicada por índices como os da consultoria Foex.

No ano passado, Fibria investiu R$ 1,24 bilhão, ligeiramente abaixo dos R$ 1,4 bilhão previsto após revisão do orçamento de investimentos. Originalmente, a companhia planejava aportar R$ 1,6 bilhão nas operações em 2011. A maior parte disso - R$ 996 milhões - foi para manutenção.

De acordo com o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, a redução no ritmo não compromete o projeto de expansão da unidade de Três Lagoas (MS), cuja decisão final de investimento será tomada na segunda metade do ano. "Estaremos prontos, tecnicamente, para iniciar as operações (da segunda linha em Três Lagoas) no terceiro ou quarto trimestre de 2014", disse o executivo.

A Fibria antecipou em três anos a captura de sinergias provenientes da fusão das operações da Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz, a qual que deu origem à companhia. Desde a criação da empresa até o encerramento de 2011, os ganhos acumulados chegaram à meta, de R$ 4,5 bilhões a valor presente líquido. Conforme Castelli, em razão desse desempenho, a estimativa total de sinergias deverá ser elevada.

Em relação à dívida da companhia, o executivo avaliou como "confortável" a relação entre vencimentos e caixa ao longo de 2012, o que não gera necessidade de captações ou rolagem no curto prazo. Neste ano, a Fibria terá de fazer frente à amortização de R$ 1,092 bilhão em dívidas, dos quais R$ 797 milhões expressos em moeda estrangeira. Ao fim de dezembro, a posição de caixa da companhia era de R$ 1,846 bilhão.

A dívida bruta, na mesma data, totalizava R$ 11,324 bilhões, estável em relação ao valor verificado no encerramento de setembro. Do total, 92% estavam indexados em moeda estrangeira. O impacto do câmbio sobre essa parcela do endividamento, com consequente aumento das despesas financeiras líquidas, explica em boa parte o prejuízo de R$ 868 milhões apurado pela companhia em 2011. Em 2010, a Fibria havia registrado lucro líquido de R$ 603 milhões.

No ano passado, a companhia registrou volume recorde de produção e vendas de celulose, com 5,141 milhões de toneladas comercializadas e 5,184 milhões de toneladas produzidas. "Nossas vendas não foram afetadas na Europa, por conta da característica de nossos contratos e clientes", explicou Castelli.

De janeiro a dezembro, a receita líquida da companhia ficou em R$ 5,85 bilhões, uma queda de 7%, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pro-forma caiu 22%, para R$ 1,96 bilhão. No quarto trimestre, a relação entre dívida líquida e Ebitda da companhia ficou em 4,8 vezes, acima do teto de quatro vezes estabelecido pela empresa.


Veículo: Valor Econômico


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