Comandar as operações da MasterCard no País mais importante para a bandeira na América Latina. Esta é a missão de Gilberto Caldart, novo presidente da MasterCard no Brasil. Com 25 anos de experiência no mercado financeiro, o executivo passou por Citibank, onde chegou à presidência do segmento de varejo do banco, e pela Redecard, empresa responsável pela captura das transações dos cartões MasterCard. Caldart diz ter como meta "acelerar as taxas de crescimento da empresa no País e chegar à liderança". Em entrevista à Gazeta Mercantil, Caldart se mostrou confiante em relação ao crescimento do setor, "que deve apenas desacelerar, mas se mantendo em dois dígitos" e falou da operação da MasterCard no Brasil. Leia os principais trechos da entrevista:
Gazeta Mercantil - Qual a importância do mercado brasileiro na operação global da MasterCard ?
O Brasil é um dos cinco mercados mais importantes para a empresa no mundo e o principal na América Latina. Chego à MasterCard e encontro a bandeira bem posicionada, com taxas de crescimento próximas das do mercado, de 20%, e ainda com muito potencial a ser explorado.
Gazeta Mercantil - Qual seu principal desafio à frente da empresa?A MasterCard está muito bem posicionada aqui, mas não somos líderes ainda do mercado e queremos ser. Queremos acelerar nossas taxas de crescimento nos próximos anos para atingir este objetivo.
Gazeta Mercantil - Como vocês pretendem atingir este objetivo?
Nossos objetivos estratégicos são, no médio e longo prazos, ser a bandeira preferida pelos lojistas e consumidores e também dos bancos emissores. Foi com a idéia de definir estratégias com este objetivo que vim para a MasterCard, foi esta oportunidade que me atraiu.
Gazeta Mercantil - Quais os reflexos da crise global na operação da MasterCard?
É difícil dimensionar hoje os impactos, mas na indústria de meios de pagamento acho que a tendência de crescimento se mantém. É claro que em 2009, principalmente no começo, deve haver uma desaceleração, mas ainda assim a expansão deve se dar a taxas de dois dígitos.
Gazeta Mercantil - O que sustenta seu otimismo?
Existe alguns fatores que ajudam no crescimento, como a tendência de longo prazo de substituição de cheques e dinheiro, além de espaço para uma bancarização maior no Brasil, independentemente do crescimento econômico. O Brasil tem fôlego para crescer acima de dois dígitos por mais uns cinco ou dez anos. Acabamos de bater os 100 milhões de cartões emitidos no Brasil.
Gazeta Mercantil - Qual o papel da tecnologia no desenvolvimento do setor?
É bastante relevante. No Brasil, costumo dizer que as pessoas gostam de pular fases. Hoje todos usam celular, por exemplo. Temos trabalhado no mundo todo com novas tecnologias como mobile payment, via celular, e o pay pass ou pagamento sem contato. São tecnologias importantes que devem vir para o Brasil.
Gazeta Mercantil - Quando isto deve ocorrer?
Não dá para precisar um horizonte de tempo, mas já estamos testando o mobile payment no Brasil e, no momento oportuno, a tecnologia estará disponível.
Gazeta Mercantil - O juro alto, praticado no mercado brasileiro, é um inibidor de um crescimento ainda maior do setor?
As taxas são definidas por cada agente, a MasterCard não define juro ou participa do risco de crédito, o que é feito pelo banco, mas é claro que, quanto menor o juro, maior o crédito, sempre ajuda. Agora, o setor tem caminhado na direção de taxas diferenciadas por público, dependendo do risco envolvido, o que é interessante.
Gazeta Mercantil - No segmento de cartões corporativos, porque as pequenas e médias empresas ainda usam pouco o produto?
Existe ainda muita desinformação. Nosso trabalho é fazer com que estas empresas saibam que, pelos processos oferecidos, é possível ter total controle do cartão. Cartão de pessoa jurídica é solução de controle, transparência e facilidade para o empresário, temos tentado levar esta idéia até ele.
Gazeta Mercantil - Vocês estão acompanhando as discussões sobre o processo de auto-regulamentação?
A MarterCard participa das discussões e somos favoráveis a uma auto-regulamentação. No Brasil, a indústria foi se adaptando à realidade de consumidores e lojistas, é um time que está ganhando. Mas a auto-regulamentação ajuda sim.
Gazeta Mercantil - O compartilhamento dos POS, da RedeCard e da VisaNet, faz parte deste processo de amadurecimento do mercado?
O compartilhamento está começando. Vejo os adquirentes trabalhando nesta direção. É o mercado evoluindo para práticas que fazem sentido.
Veículo: Gazeta Mercantil