Após quase um ano de negociações, a fabricante de chips Advanced Micro Devices (AMD) finalmente fechou acordo com a Positivo Informática para que as máquinas da fabricante de PCs vendidas no varejo também sejam montadas com seus processadores. Até agora, 100% dos computadores Positivo que iam para redes varejistas eram equipados exclusivamente com chips da rival Intel. Ed Viggiani/Valor
José Antonio Scodiero, vice-presidente da AMD na América Latina: "Faltava um parceiro nacional de peso que apoiasse nossas operações no varejo"
A estréia da AMD nas máquinas da fabricante brasileira também envolve um acordo com as Casas Bahia, que promoverá os processadores da empresa em campanhas de mídia. O acordo começa com o lançamento de um único modelo de micro de mesa, que deverá chegar às lojas na próxima semana. A máquina, que deverá custar menos de R$ 1 mil, virá com o sistema operacional Windows Vista Starter Edition, da Microsoft, e será montada com processador AMD Sempron, memória de 512 MB, disco rígido de 80 GB e monitor de 15 polegadas.
A parceria, segundo José Antonio Scodiero, vice-presidente de marketing e vendas da AMD na América Latina, é fundamental na estratégia da empresa para ganhar mercado entre consumidores finais. "Faltava para a AMD um parceiro nacional de peso que apoiasse nossas operações no varejo", diz. A partir do ano que vem, a parceria será expandida para outros modelos de PCs, o que incluirá os laptops.
A Positivo Informática lidera o mercado de computadores no país, à frente de Hewlett-Packard (HP), Dell, Lenovo e Itautec. Nos primeiros nove meses deste ano, a Positivo vendeu 1,19 milhão de PCs de mesa, 27% a mais que no mesmo período do ano passado. O destaque ficou com os notebooks, que atingiram 332 mil unidades, 149% a mais que em 2007.
A AMD, comenta Scodiero, já mantinha negócios com a Positivo antes desse acordo, mas a parceria só permitia que os chips da empresa equipassem máquinas compradas por empresas ou governo. As vendas no varejo, porém, são o motor principal que tem movido os negócios da Positivo. Do total de computadores vendidos pela empresa entre janeiro e setembro, 871 mil PCs saíram de lojas como as Casas Bahia.
Os próximos passos da AMD vão em busca das prateleiras de outras redes de grande porte. Recentemente, a diretoria da companhia sentou-se com executivos de diversas empresas, como B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime), Fast Shop, Fnac, Magazine Luiza, Ponto Frio e Wal-Mart. "Nos Estados Unidos, a AMD já atua diretamente no ponto-de-venda, nossa proposta é trazer essas parcerias para o Brasil", diz Scodiero.
Dentro da Positivo, a AMD quer brigar por uma participação de ao menos 20%, um volume que se equipara à média mundial de seus negócios, frente à fatia de quase 80% da Intel. Antes da Positivo, a AMD mantinha acordos com fabricantes nacionais menores, como a Amazon PC. Suas vendas no varejo também estão a cargo de multinacionais como a HP e - desde maio de 2006 - a Dell.
No mês passado, a AMD anunciou a reestruturação de suas operações, o que resultou na criação da Foundry Company, companhia que terá como sócia a Advanced Technology Investment Company (Atic), do governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Veículo: Valor Econômico