Menos de um ano e meio após a sua inauguração em Sorocaba, interior de São Paulo, a fábrica brasileira da Crocs está encerrando hoje suas atividades. A fabricante americana de calçados coloridos de borracha, que se tornaram febre no mundo, informou ontem que demitirá 55 dos 80 funcionários que ainda trabalham na unidade. Os outros 25 serão transferidos para outras áreas da empresa, que manterá um escritório de vendas e marketing em São Paulo. A companhia ressaltou, em comunicado, que a distribuição dos produtos não será afetada.
No início da operação no país, a Crocs chegou a ter cerca de 200 empregados, que a partir do começo deste ano foram sendo dispensados aos poucos.
Ainda segundo a nota da companhia, o fechamento da fábrica brasileira tem como objetivo ajustar a estrutura global de custos. A Crocs amargou no terceiro trimestre prejuízo de US$ 148 milhões contra um lucro de US$ 56,5 milhões do mesmo período de 2007. "Nosso desempenho ficou abaixo das expectativas e continuou a sentir o impacto das condições extremamente difíceis do varejo nos EUA e Europa", disse Ron Snyder, presidente mundial da Crocs, durante apresentação do balanço.
Com investimento de R$ 5 milhões, a fábrica brasileira da Crocs foi construída com capacidade anual de produção de 2 milhões de pares. "Segundo os representantes da Crocs, as vendas no Brasil não foram tão boas quanto o projetado inicialmente", disse Márcia Viana, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Sorocaba, responsável pelas negociações entre os demitidos e a empresa.
No Brasil, a Crocs - cujo preço médio do modelo mais popular é R$ 89 - enfrenta uma concorrência atípica porque a a indústria local é forte em calçados de borracha. "O Brasil é a terra das Havaianas e da Grendene que também têm produtos de borracha, mas que custam menos", afirmou Eugênio Foganholo, sócio da Mixer, consultoria especializada em varejo. Ele destaca ainda que para ser bem-sucedido no segmento é preciso ter canais de vendas eficientes no país todo. Até o começo do ano, 70% das vendas dos Crocs estavam concentradas no eixo Rio-SP.
O anúncio da Crocs acontece seis meses depois de a empresa comunicar que a operação brasileira iria absorver parte da produção da fábrica do Canadá, fechada no primeiro semestre. Agora, a demanda brasileira será atendida principalmente pelas fábricas da China e do México. Na unidade mexicana, a situação também estaria complicada, com apenas 8 das 12 máquinas em atividades, segundo Márcia.
Veículo: Valor Econômico