IP quer associação para entrar em embalagens no Brasil

Leia em 3min 50s

A International Paper (IP) já decidiu: vai entrar no segmento de embalagens no Brasil. Como isso vai ser feito e quando ainda não está fechado, mas o assunto já é tratado como um plano estratégico pela gigante norte-americana do papel . "Nossa preferência é que seja por meio de joint ventures, mas claro que podemos também optar por começar do zero", afirma o presidente da companhia para América Latina, Jean-Michel Ribieras.

 

Enquanto procura parceiros para o segmento de embalagens, a IP já faz projetos também para a área de papel de imprimir e escrever. Segundo Ribieras, a empresa estuda a implantação da segunda linha de produção em sua fábrica em Três Lagoas (MS). A nova máquina para este aumento de produção está estimada em US$ 300 a US$ 350 milhões e estaria entre os poucos investimentos na área de papel no Brasil nos últimos anos. "Mas só definiremos isso em 2013", explica o executivo.

 

Os planos da IP para papel de imprimir se baseiam num estudo feito em conjunto com a consultoria Risi de que nos últimos 15 anos o consumo de papel na região latino-americana subiu entre 4% e 5% ao ano. Enquanto isso, conforme a pesquisa, no ano passado, o consumo na Europa recuou 2,9% e na América do Norte 3,5%. A Ásia também vem crescendo, com alta de 4%. "Na América Latina, o volume passou de 3,6 milhões de toneladas para 3,8 milhões, o que nos leva a concentrar esforços na região", explica o diretor-comercial da International Paper, Nilson Cardoso.

 

E o potencial local é alto, uma vez que o consumo per capta de papel gira em torno de 6 quilos na América Latina, enquanto na Europa chega a 40 quilos. Segundo o diretor, apesar do avanço da tecnologia, com computadores e leitores de livros, o papel continua se mantendo porque houve uma inversão no que se imprime. "Com a Internet, o volume de informações hoje é imenso, e mesmo podendo ver na tela, em muitos casos é preciso imprimir documentos", acrescenta Cardoso. No total, o consumo global de papel passou de 53,1 milhões de toneladas em 2010 para 53,8 milhões em 2011, um aumento de 1,3%, conforme estudo da Risi. "Houve uma mudança no uso do papel nos últimos 20 anos", acrescenta.

 

Mas países emergentes como o Brasil ainda assistem a outros fenômenos como o aumento da renda da população, gerando uma expansão de setores como a educação. No País, conforme levantamento da Fipe, a venda de livros cresceu 13% em 2010. A produção, incluindo os livros didáticos subiu 26% entre os anos 2005 e 2009, segundo Nilson Cardoso. "Mas isso representa cerca de seis livros por pessoa ao ano, o que é muito baixo, se comparado com os EUA, por exemplo, que chega a 12 livros", explica.

 

A movimentação das classes no Brasil, com a expansão da classe C, também já se reflete nos dados que a IP leva em consideração para traçar seus planos de expansão na região. "Em 2003, 37% da população brasileira estava na classe C. Esse número saltou para 50% em 2009 e deve chegar a 56% até 2014, o que nos garante que haverá demanda por mais papel", acrescenta. Para a companhia, essa mudança só favorece o hábito de leitura e o consequente aumento do consumo de papel. "Além disso, o papel ainda tem mais resolução que uma tela, especialmente para publicações como revistas", diz Cardoso.

 

A única coisa que pode atrapalhar o crescimento é o avanço do contrabando de "papel imune", segundo o presidente da IP. "São Paulo já avançou muito com os sistemas de fiscalização do Recopi (sistema de registro prévio de importações), mas muito do que chegava pelo estado está migrando para o Sul do País e o Rio de Janeiro, o que exige maior atenção das autoridades", explica Ribieras. Outro limitador dos planos da papeleira é a restrição de compra de terras por estrangeiros. "Queremos investir no Brasil, mas hoje estamos limitados", acrescenta.

 

Resultados

 

A IP América Latina encerrou o ano de 2011 com vendas líquidas de US$ 1,19 bilhão, o que representa um aumento de 9% em comparação a 2010. O Ebit (geração de caixa) foi de US$ 169 milhões, 6,2% acima dos US$ 159 milhões alcançados em 2010. O volume de vendas alcançou pouco mais de um milhão de toneladas de papel não revestido.

 

Veículo: DCI


Veja também

Classe C aquece venda de ovos de chocolate

Com o aumento da renda dos consumidores e o País relativamente resguardado dos efeitos da crise internacional, a ...

Veja mais
Mercado de chocolates ganha mais em nichos

O aumento do consumo de chocolates no Brasil praticamente dobrou nos últimos dois anos, acompanhando o incremento...

Veja mais
Maracujá gera lucro em Minas

Indústrias, consumidor final e tecnologia garantem bons preços e alta rentabilidade.   A produ&cced...

Veja mais
Páscoa promete adoçar lucros do setor

O mês de abril promete ser doce para os fabricantes de chocolate e para o comércio. De olho no crescimento ...

Veja mais
Indústria lança 90 produtos neste ano

As indústrias filiadas à Abicab vão lançar 90 produtos nesta Páscoa. Uma das novidade...

Veja mais
Fábricas e lojas geram 20 mil empregos temporários

Principal data para a indústria chocolateira, a Páscoa é responsável pela contrataç&a...

Veja mais
Ovos de Páscoa ficam 4% mais caros neste ano

Os preços dos ovos de Páscoa vão pesar menos no bolso dos consumidores neste ano. As indústr...

Veja mais
Becel dá aos consumidores experiências de bem estar

Quem adquirir produtos da marca da Unilever ganhará cupons para trocar por aulas de yoga, pilates ou passes livre...

Veja mais
Nestlé corre para comprar unidade de nutrição infantil da Pfizer

Os dois grupos europeus surgiram claramente na primeira fila no leilão depois de submeter propostas na primeira r...

Veja mais