Classe C aquece venda de ovos de chocolate

Leia em 5min 20s

Com o aumento da renda dos consumidores e o País relativamente resguardado dos efeitos da crise internacional, a indústria chocolateira está otimista para esta Páscoa. Os líderes de mercado Kraft, Nestlé e Garoto projetam crescimento de 4% a 5% da produção e venda de ovos de chocolate. Na briga por maior participação, Pandurata e Arcor esperam crescimento de volume de 20% e 16%, respectivamente.

 

Segundo o vice-presidente do setor de Chocolates da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Ubiracy Fonseca, o cenário econômico atual acena para uma Páscoa melhor do que a de 2011, pois há um crescimento na condição de compra do consumidor. "O chocolate é uma categoria 'aspiracional'", explica ele. "Se você pode comprar mais, compra; é diferente de produtos que têm um consumo estável, que você consome o que é necessário - ninguém consome mais detergente porque tem mais dinheiro. Mas se você tiver um pouquinho mais de dinheiro no bolso, leva um chocolate para sua família."

 

O presidente da entidade, Getúlio Ursulino Netto, ressalta o potencial de crescimento do mercado brasileiro. "No País como um todo, o consumo médio de chocolate per capita é de 2,4 quilos ao ano. No entanto, em São Paulo, o consumo chega a 3,8 kg por habitante", diz. De acordo com ele, regiões em ascensão econômica, como centro-oeste, norte e nordeste, devem ser em grande parte responsáveis pela alta da demanda do mercado.

 

Na Páscoa de 2011, foram fabricadas 18 mil toneladas de produtos de chocolate, num incremento de 7% sobre o ano anterior. Em todo o ano, a indústria produziu 390 mil toneladas (excluídos achocolatados em pó), avanço de 11% em relação a 2010. De acordo com a Abicab, para dar conta da demanda em 2012, suas associadas devem contratar 20 mil trabalhadores temporários, entre fábricas e pontos de venda.

 

A norte-americana Kraft, fabricante da Lacta, prevê a produção de 27 milhões de ovos de chocolates, com alta de 4% ante 2010. Líder de mercado há 15 anos, com 37,5% de participação nas vendas de Páscoa em 2011, a empresa projeta alta de 8,5% a 9% no preço final de seus produtos. "O que determinou o reajuste foi principalmente o impacto de mão de obra", diz a gerente de Marketing Mariana Perota. A companhia reforçou seu quadro de funcionários para o período com 1,2 mil trabalhadores nas fábricas e 6,8 mil promotores de vendas.

 

Vice-líder, com 22% das vendas de produtos de Páscoa no ano passado, a Nestlé pretende produzir 17 milhões de ovos, alta de 5% sobre o ano anterior. A companhia ampliou seu investimento neste período em 10%, reforçando sua atuação no ponto de venda. A empresa suíça contratou 6 mil trabalhadores temporários, sendo 2 mil para suas plantas. O aumento de preços ao consumidor no ano será de 3% a 4%, com peso maior das commodities, embalagens e mão de obra. "Mas é um aumento de preço inferior à inflação do período. Tentamos fazer o menor reajuste possível, aumentando nossa competitividade", diz o gerente de Marketing Ricardo Bassani.

 

A Garoto quer vender 20 milhões de ovos nesta Páscoa, avanço de 5% ante o ano anterior. A empresa registrou participação de mercado de 20% no período em 2011. "Mas temos uma grande presença no nordeste, Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Nessas regiões chegamos a ser líderes", relata o gerente de Marketing André Barros. De acordo com ele, o novo salário mínimo deve ser fator determinante para vendas maiores que no ano passado.

 

O gerente ressalta que a marca é a mais forte entre consumidores de classe C, segmento social que mais cresce no País, daí o reajuste de preços médio de apenas 3%. "Trabalhamos com volumes maiores de ovos, ganhando em escala, desenvolvemos produtos mais baratos e não repassamos todos os custos ao consumidor", diz Barros. Foram contratados pela empresa 800 funcionários temporários de produção e 5,5 mil promotores de venda.

 

Comprando briga

 

Com previsão de investimento de R$ 100 milhões em 2012, a argentina Arcor quer crescer 16% em volume e 20% em faturamento, com a produção de 6 milhões de ovos de chocolate. Na Páscoa, a empresa tem cerca de 5% de participação de mercado no geral e 10% no segmento infantil. O reajuste de preços será de 6% a 9%.

 

A companhia, que possui hoje cinco fábricas no País, espera investir R$ 60 milhões em suas plantas. "Vamos dobrar nossa capacidade de produção de tabletes e balas butter toffees", conta o diretor geral Oswaldo Nardinelli, que relata que a empresa também deve investir 50% mais em marketing. Com isso, a companhia espera obter avanço de 13% em seu faturamento no País, ante R$ 1 bilhão obtido em 2011. Já a Pandurata, fabricante da Hershey's , deve produzir 2 milhões de ovos, num crescimento de 20%. "No ano, cresceremos 15% em valor e volume", projeta a gerente de Marketing Victória Gabrielli, que relata que a marca cresceu 32% em faturamento em 2011. A empresa não tem cálculo de sua participação na Páscoa, mas no mercado de chocolates em geral tem 3%, com 30% do seu volume de produção concentrado neste período.

 

Transformadores

 

Com foco na venda de chocolates e coberturas para panificação e confeitaria, a Harald não fala quanto espera crescer nesta Páscoa, mas em 2012 quer aumentar em 25% sua capacidade de produção, de 80 mil toneladas ao ano, para 100 mil toneladas. "Conforme cresce o setor de food service, a empresa tem que atender essa demanda", diz o gerente de Marketing Gerson Camargo.

 

Com duas plantas no País, a suíça Barry Callebaut tem capacidade de produção de 20 mil toneladas e aposta na divulgação de sua marca para aumentar vendas. Segundo o gerente de Vendas Antônio Moreira, o aumento de renda tem efeito dúbio para quem vende para transformadores. "Por um lado, há o aumento do consumo, mas, por outro, menos pessoas trabalham informalmente na produção de chocolates para vender."

 

Veículo: DCI


Veja também

Lácteos chegam mais nas redes

A venda de produtos lácteos no varejo tem apresentado crescimento, com o aumento da renda da populaç&atild...

Veja mais
IP quer associação para entrar em embalagens no Brasil

A International Paper (IP) já decidiu: vai entrar no segmento de embalagens no Brasil. Como isso vai ser feito e ...

Veja mais
Mercado de chocolates ganha mais em nichos

O aumento do consumo de chocolates no Brasil praticamente dobrou nos últimos dois anos, acompanhando o incremento...

Veja mais
Maracujá gera lucro em Minas

Indústrias, consumidor final e tecnologia garantem bons preços e alta rentabilidade.   A produ&cced...

Veja mais
Páscoa promete adoçar lucros do setor

O mês de abril promete ser doce para os fabricantes de chocolate e para o comércio. De olho no crescimento ...

Veja mais
Indústria lança 90 produtos neste ano

As indústrias filiadas à Abicab vão lançar 90 produtos nesta Páscoa. Uma das novidade...

Veja mais
Fábricas e lojas geram 20 mil empregos temporários

Principal data para a indústria chocolateira, a Páscoa é responsável pela contrataç&a...

Veja mais
Ovos de Páscoa ficam 4% mais caros neste ano

Os preços dos ovos de Páscoa vão pesar menos no bolso dos consumidores neste ano. As indústr...

Veja mais
Becel dá aos consumidores experiências de bem estar

Quem adquirir produtos da marca da Unilever ganhará cupons para trocar por aulas de yoga, pilates ou passes livre...

Veja mais