Redução de embarques do grão em janeiro impactou o preço interno.
Os preços do café, no Sul de Minas, ao longo de janeiro, ficaram em média 1,02% inferiores aos praticados em dezembro, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), divulgado ontem. Mesmo com o recuo, a cotação ainda está lucrativa. A tendência é de mercado estabilizado tanto em relação à demanda quanto aos preços. Os fatores externos, crises financeiras na Europa e nos Estados Unidos, impactaram nos embarques do grão e contribuíram para aumentar a oferta no mercado interno.
Segundo os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), as exportações de café, em janeiro deste ano, apresentaram queda de 0,99% na receita, que foi de US$ 415,8 milhões, se comparada com igual período de 2011. No mesmo mês, o volume embarcado caiu 27,19%, recuando de 113,3 mil toneladas, enviadas ao exterior em janeiro de 2011, para 82,5 mil toneladas.
De acordo com o gerente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), no Sul de Minas, Mário Panhottas Silva, a queda de preços está atrelada a fatores externos, como as crises financeiras na Europa e nos Estado Unidos, que reduziu os embarques e contribuiu para a queda de preços.
Em janeiro, as cotações externas do grão recuaram, pressionando os valores no mercado físico brasileiro. Segundo o Cepea, as negociações seguiram lentas e o Indicador Cepea/Esalq do arábica teve média de R$ 485,04 por saca de 60 quilos em janeiro, queda de 1,3% em relação aos preços praticados em dezembro.
Na Bolsa de Nova York, o contrato com vencimento em março fechou a 215,05 centavos de dólar por libra-peso no dia 31 de janeiro, recuo de 5,4% em relação ao dia 3 de janeiro.
Estoques - Com a redução dos preços, os produtores mineiros do grão, que estão com os estoques limitados, vão disponibilizar menor volume para o mercado à espera de preços mais vantajosos. "Durante o ano passado, os preços do café se mantiveram lucrativos e os produtores, entre julho e outubro, comercializaram a maior parte da safra. Com os estoques atuais limitados, o cafeicultor, que está mais capitalizado, consegue ter maior poder de negociação e aguardar por melhores cotações", disse Panhottas.
Mesmo diante da perspectiva de aumento da safra, as estimativas em relação ao mercado é de sustentação dos preços em patamares lucrativos, o que será estimulado pela oferta restrita e pelo consumo em alta.
De acordo com os dados do Informativo Café Arábica, elaborado pelo Cepea, a temporada brasileira 2012/13 de café, que será de bianualidade positiva, deve ser recorde segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A estimativa é que sejam produzidas entre 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas de 60 quilos, com média de 50,6 milhões de sacas. O aumento previsto varia entre 12,6% e 20,2%, se comparado à produção de 2011/12 quando foram colhidas 43,48 milhões de sacas. Se alcançado o volume poderá ser um recorde nacional, ultrapassando as 48,48 milhões produzidas na safra 2002/03.
Para o mesmo período, a produção de café em Minas foi estimada em 26,335 milhões de sacas, com variação percentual de 3,01%, para mais ou para menos. Na comparação com a safra anterior, a estimativa da Conab sinaliza um aumento na produção cafeeira de 18,73%. Quando comparada com a produção da safra 2010, período de bianualidade positiva equivalente ao da safra 2012, o aumento será de apenas 4,69% na produção do Estado.
Oferta - Para os pesquisadores do Cepea, mesmo com o aumento da safra, a relação entre oferta e consumo deve se manter ajustada, evitando elevados excedentes de produto. As estimativas do Centro, seguindo os dados do United States Department of Agriculture (Usda), indicam que o estoque brasileiro de entrada não ultrapassaria 4 milhões de sacas, enquanto a soma do consumo doméstico com a exportação estaria em torno de 52 milhões de sacas.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, baseado na média das duas últimas safras, do total produzido no país, o volume destinado às exportações deverá ficar em torno de 32,5 milhões e restante para o consumo interno, 19,5 milhões.
Mesmo com a estimativa inicial positiva em relação à oferta e ao consumo, fatores externos, como a crise econômica, poderão prejudicar o consumo do grão e a reduzir as exportações brasileiras, elevando os estoques para além do previsto.
Segundo os dados do Cepea, na safra 2011/12, quando já estava instalada a crise econômica nos principais países consumidores, não foi observada queda no consumo mundial de café. Na safra passada, o consumo mundial cresceu em torno de 2%, segundo Usda.
Veículo: Diário do Comércio - MG