Exportações de mel disparam em 2011

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O ano de 2011 pode ser considerado um marco para a apicultura no País. De janeiro a dezembro, a exportação do mel brasileiro somou 22,39 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 70,86 milhões, aumento de 77,7% em valor e de 83,2% em peso líquido em relação a 2010. Ainda com o gosto doce dos bons resultados, o setor prefere não ficar parado e se prepara para novos recordes.

De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), José Cunha, a meta é manter o excelente nível de crescimento registrado no ano passado e ampliar ainda mais a presença do produto brasileiro nos próximos anos.

"Temos potencial para chegar ao segundo lugar na produção mundial. Nas exportações, também vamos melhorar no ranking. A China é a maior exportadora de mel, mas com eles passando a consumir mais o produto, devem importar ou diminuir o ritmo das exportações deles, o que pode favorecer o Brasil", diz.

Já para Fátima Lamar, gerente-adjunta da Unidade de Atendimento Coletivo, Agronegócios e Territórios (Uagro) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o sucesso nas exportações é a resposta da maior organização da cadeia produtiva vista nos últimos anos. "Tem sido feito um trabalho muito bom de cooperação. O Sebrae criou sete normas técnicas para o setor, que estão no site, sem custo para o empresário. Neste ano, também está começando o Programa de Avaliação da Conformidade do Mel, criado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que vai avaliar a qualidade dos produtos", diz Fátima.

A gerente-adjunta lembra ainda que o produto brasileiro tem levado certa vantagem frente à concorrência estrangeira por sua pureza, sabor e produção vinculada com a flora nativa. "Lá fora, eles têm flora transgênica. No Piauí, na região de Araripe, no Ceará  e no Maranhão, há o mel nativo. Isso para nós traz um grande diferencial. A Comunidade Europeia está abolindo a importação de produtos transgênicos. Se isso se concretizar, o mel da região Nordeste terá um mercado bastante extenso para explorar."

Na opinião dos especialistas, a receita para ampliar o alcance do mel nacional passa necessariamente pela melhoria na produtividade das colmeias dos produtores brasileiros. "Sem aumentar o número de colmeias é possível ampliar a produção. Hoje, a produção está em torno de 20 kg por ano, mas pode chegar a 50 kg/ano por colmeia", diz Cunha, da CBA.

O melhor aproveitamento também é uma das metas da Apidouro, empresa que encerrou 2011 como a segunda maior exportadora do País. "A gente tem espaço para crescer lá fora, mas a produção nacional não está mais comportando. Se você compara com países concorrentes, vemos que produtividade deles é muito maior", diz Erika Guedes, gerente-geral da companhia.


Mel em casa –  Além da produtividade, há outra necessidade que é vista como prioritária para 2012: o mercado interno. O presidente do CBA espera que neste ano o brasileiro passe a consumir mais o produto. Vale lembrar que o Brasil já conta com planos de incentivos do governo federal, que incluiu o mel brasileiro na merenda escolar. "Nosso mercado já absorve 25% do mel produzido e nós temos a campanha 'Meu dia pede mel' em andamento. É importante a participação do mercado interno para não depender do dólar e da China, que é quem dita os preços das commodities", afirma José Cunha.

Um ponto importante para ampliar a aceitação do produto pelos consumidores brasileiros é melhorar a divulgação, segundo a especialista Fátima Lamar, do Sebrae. "Em 2009, começamos esse projeto de vender o mel não como remédio, mas como alimento. Já há regiões do País em que houve aumento interessante do consumo". A gerente-geral da Apidouro, Erika Guedes, diz que 1% das vendas de mel da empresa são para consumidores brasileiros. Mas os planos vão na direção de mudar essa realidade. "Neste ano, vamos focar os esforços no mercado interno até pela queda do dólar. Estamos trabalhando com material de esclarecimento para o consumidor. Muitas vezes, o fato de o mel cristalizar faz o consumidor achar que tem algo errado", afirma.


Veículo: Diário do Comércio - SP


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