Donos de um minimercado em Diadema, Antonio Aparecido Michelassi, 61 anos, e a mulher, Lucia Helena, 55, não estão na melhor fase como microempresários. A falta de crédito para formar o estoque compromete o capital de giro. Aberta há seis anos, a loja também precisa de uma repaginada. Eles não sabem que a associação comercial tem linha de crédito com taxa menor e cursos gratuitos. Alcançar esses comerciantes é o desafio das entidades na região.
"Dependemos do cartão de crédito para comprar mercadorias. Tentamos linha de financiamento no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e na Caixa Econômica Federal, mas a burocracia é grande", reclama Michelassi. Se tivesse acesso ao crédito requisitado, o casal conseguiria fazer promoções para atrair mais clientes.
O presidente da ACE Diadema (Associação Comercial e Empresarial de Diadema), Gildo Freire, reconhece a dificuldade de estar próximo dos microempresários. "É difícil tirar o comerciante da loja para participar de cursos. Sua dedicação ao negócio é integral." Nos próximos meses, a entidade visitará os bairros Serraria, Taboão e Eldorado, e com o apoio dos líderes comunitários, quer conquistar os empreendedores.
Para os associados, a ACE Diadema tem convênio com o Banco do Brasil e a Caixa que concede crédito com taxas de juros menores que as praticadas no mercado. A Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) e a Aciam (Associação Comercial e Empresarial de Mauá) mantêm cooperativas de crédito.
"Crédito é o pilar básico da economia nacional. O acesso limitado a esse serviço faz com que os pequenos empresários fiquem de mãos atadas", diz o presidente da Acisa, Sidnei Muneratti. Para Evenson Robles Dotto, que assumirá a gestão da associação em março, a meta será ampliar o acesso ao crédito no Sicoob-Crediacisa para os microempresários.
Também está nos planos da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), da Aciarp (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires) e da ACE Diadema a criação de cooperativas de crédito para os associados a médio prazo. "Discutiremos esse projeto no ano que vem", afirma o presidente da Acisbec, Valter Moura.
SERVIÇOS - A consulta à base de dados do serviço de proteção ao crédito é o recurso mais usado pelos associados no Grande ABC. Segundo o presidente da Aciarp e vice-presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), Gerardo Pedro Sauter, o valor médio cobrado por consulta é de R$ 1,47. O serviço feito em parceria com a Serasa Experian ou Boa Vista Serviços ajuda a diminuir o risco de calote nas vendas a prazo, especialmente com cheque.
Cada entidade tem seu portfólio de serviços, mas em geral todas oferecem descontos em planos de assistências médica e odontológica, universidades, cursos de idiomas e orientação jurídica. Entretanto, mesmo entre os filiados, a participação nos programas de capacitação é pequena. "Fizemos cursos sobre como trabalhar melhor a vitrine e atendimento ao cliente, que tiveram baixa adesão, mesmo sendo gratuitos. Nossa tarefa é convencer o empresário que as associações dão força à economia local", diz o presidente da ACE Diadema.
Empresários da região terão consultoria gratuita do Sebrae
Empresários do Grande ABC interessados em alavancar o faturamento do negócio terão apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Consultores dessa última entidade vão analisar e dar sugestões de como melhorar as vendas a partir de fotos da loja e de um questionário preenchido pelo empreendedor. "Para participar, o interessado deve procurar a associação comercial da cidade. O serviço será gratuito e não é preciso ser filiado", detalha o vice-presidente da Facesp, Gerardo Pedro Sauter. Em Ribeirão Pires, a intenção é atender 50 empresas, e em Rio Grande da Serra, 20. O número varia conforme o município.
Para 2012, cada associação também planeja ações para incentivar a formalização e dar apoio aos pequenos. Em São Bernardo, a diretoria da Acisbec está com projeto de capacitar donos de 560 empresários do setor metalmecânico e de plástico com consultorias gratuitas em finanças, marketing e processos de produção. O presidente da associação, Valter Moura, pontua que os alvos são as empresas com até 99 funcionários e que 250 companhias aderiram à iniciativa.
A nova diretoria da Acisa quer brigar para que Santo André faça adesão à Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. "Mais da metade do Estado de São Paulo já aderiu à nova legislação. Atuaremos politicamente para conquistar esse benefício para os microempresários", destaca o futuro presidente da associação, Evenson Robles Dotto.
A entidade andreense também vai capacitar profissionais do comércio nos bairros com maior problema de mão de obra. Depois será a vez de os empresários receberem cursos sobre composição de preço de venda do produto, estoque, contabilidade e marketing. Com 3.700 associados, a meta é ampliar em 6% esse número.
O presidente da Aciargs (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Rio Grande), Mauro Martins Fernandes, tem projeto de orientar os sócios de cinco empresas de coleta de material reciclado na cidade com temas relacionados a administração de empresas, armazenagem de produtos e remuneração de funcionários.
A sócia do Grupo RS Líder Empregos, Reinilda Pinto dos Santos, é associada à Acisbec há mais de dez anos. "Antes de abrir a empresa participei de cursos e ainda compareço a alguns. Tenho muitos benefícios, como assistência médica com desconto e cursos para o aperfeiçoamento profissional dos funcionários."
Veículo: Diário do Grande ABC