Whirlpool começa a testar lava-louças no Brasil

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Conquistar o brasileiro que fica atrás da pia com detergente e esponja nas mãos é um dos grandes desafios da Whirlpool, a maior fabricante do mundo de produtos como fogão e geladeira. As máquinas que lavam louça estão presentes em apenas 2% dos lares brasileiros, mas a empresa, que lidera o mercado de linha branca no Brasil com as marcas Brastemp e Consul, aposta que produtos desenvolvidos em seu novo laboratório em Rio Claro, a 200 km de São Paulo, pode melhorar esse índice.

 

O plano da companhia é testar a qualidade e o design das máquinas e os resultados devem ajudar a criar ou aperfeiçoar produtos que impulsionem as vendas. Antes, os testes eram feitos em centros de pesquisa da Whirlpool nos Estados Unidos e na Europa.

 

"Muitas vezes o consumidor não consegue articular; ele não vai pedir para criar um botão com jato d'água, por exemplo", diz Rogério Martins, vice-presidente de Desenvolvimento de Produtos da Whirlpool Latin America. Ideias inovadoras, observa o executivo, surgem "do conhecimento profundo" da necessidade do cliente. Daí a importância em desenvolver produtos perto de quem consome.

 

No ano passado, a empresa lançou no Brasil seu modelo mais barato de máquina de lavar louça, por volta de R$ 1 mil. Até então, seu preço mais baixo girava em torno de R$ 1,7 mil. Martins diz que é difícil lançar uma lava-louça por menos de R$ 1 mil por causa dos altos preços de produção no país, que incluem mão de obra, matéria-prima e inflação. O site da Whirlpool nos Estados Unidos informa que é possível comprar uma lavadora de louça standard, com capacidade para 10 pratos, por US$ 329 (por volta de R$ 570). A diferença de preço é grande, mas sabe-se que os custos nos EUA são menores e o mercado, bem maior.

 

O novo laboratório é o 23º da Whirlpool no Brasil e foi incorporado à fábrica de Rio Claro, onde desde 1990 a empresa produz lavadoras de roupa. Além de engenheiros, o centro de pesquisas emprega profissionais graduados em diversas áreas, como matemáticos.

 

Já estão sendo desenvolvidas novas máquinas de lavar louça em Rio Claro, mas não há previsão de quando serão lançadas no varejo. Atualmente, esse tipo de equipamento da Whirlpool é fabricado em Manaus.

 

"Nem sempre nossas inovações são 'high-tech'. São apenas necessárias", diz Martins. Ele cita como exemplo um botão que solta jato d'água, elaborado para que uma família de pequeno porte possa acumular louça dentro da máquina durante o dia e lavar apenas à noite. "A pessoa coloca a louça do café da manhã, solta o jato d'água. Coloca a do almoço e só lava depois do jantar".

 

O centro para lava-louças, que demorou dez meses para ser montado, consumiu "parte importante" dos R$ 400 milhões investidos pela Whirlpool na América Latina no ano passado, diz Martins. O valor é 25% maior que o gasto em 2010. Em 2012, a empresa deve investir cerca de R$ 480 milhões na região.

 

O laboratório conta com várias salas de testes. Em uma, por exemplo, os pesquisadores medem o "nível de sujidade" de lavagem da máquina; em outra, os botões da lavadora ficam sendo pressionados por uma máquina, para calcular a vida útil do eletrodoméstico.

 

Para avaliar a lavagem, os pesquisadores sujam a louça com restos de comida - suco de carne moída, por exemplo - esquentam o prato em um forno e o colocam na máquina de lavar, que tem um sensor embutido. O sensor passa informações em tempo real para um banco de dados que computa quantidade, pressão e temperatura da água.

 

Os testes simulam condições de uso às vezes em situações extremas, como altas temperaturas ou sujeira seca, de vários dias. A avaliação leva em conta a salinidade da água e a marca de sabão, diferentes em cada país.

 

Lavadoras de pratos importadas Kitchen Aid, marca premium da Whirlpool, são adaptados antes de chegar ao mercado daqui. O painel, por exemplo, é refeito em português.

 

No laboratório de Rio Claro a empresa também testa produtos da concorrência, para analisar o desempenho dos aparelhos.

 

Os produtos fabricados no país abastecem Brasil e América Latina, sendo a Argentina o principal importador. Cada lugar tem suas especificidades, diz Martins. O Brasil, por exemplo consome mais ovos dos que os Estados Unidos, e portanto os testes de sujidade incluem mais restos de ovo. Para as máquinas da Argentina, os pesquisadores aumentam a quantidade de carne.

 

A Whirlpool atua no Brasil com as marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid, emprega 14,5 mil pessoas - sendo 700 em pesquisa e desenvolvimento. A companhia tem fábricas em Rio Claro (São Paulo), Joinville (Santa Catarina) e Manaus (Amazonas).

 


Veículo: Valor Econômico


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