Varejistas americanos investem em mais serviços

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Redes ampliam opções para atrair consumidor e melhorar resultados

 

Serviços de finanças, beleza, gastronomia e saúde, entre outros, são oferecidos pelas grandes redes dos EUA

 

Hoje, o cidadão norte-americano pode entrar numa farmácia para tomar um café e ir a um supermercado para tratar sua sinusite. Abalado pela situação da economia norte-americana, o varejo dos Estados Unidos tem usado serviços como arma para atrair mais consumidores e melhorar seus resultados.

 

A gama de ofertas vai desde as áreas mais tradicionais, como saúde e finanças, até outros chamarizes do mundo contemporâneo, como beleza e gastronomia.

 

Curiosamente, os serviços de saúde são oferecidos principalmente nas grandes redes -como Walmart e Target-, enquanto as farmácias se destacam pelos serviços alternativos.

 

A Walgreens, por exemplo, inaugurou no começo do mês uma nova loja-conceito de dois andares no centro de Chicago onde oferece sushi, café gourmet preparado por baristas, uma central de vinhos, design de sobrancelhas, manicure e pedicure.

 

Na rede, é possível entrar em qualquer uma de suas unidades e sair com fotografias tipo passaporte cinco minutos depois.

 

A varejista de descontos Target, por sua vez, além do serviço de farmácia e clínica, agora conta com ótica.

 

A rede vende óculos e lentes, e atende os clientes que precisam fazer exames e se adaptar a lentes de contato. Em supermercados como a rede Dominick's, é possível ser vacinado contra a gripe.

 

O Walmart, maior representante desse movimento na ala de cuidados com a saúde, tem hoje clínicas em 27 Estados americanos e atende pacientes com alergia, problemas de pressão arterial, colesterol e infecção respiratória, entre outros serviços.

 

O modelo é comum nos EUA -clínicas independentes operadas dentro das unidades da rede sete dias por semana.

 

Os principais atrativos são o preço -enquanto uma consulta médica nos EUA começa em US$ 300, o Walmart cobra US$ 50 -e a facilidade em ser atendido -diferentemente dos consultórios médicos, não é preciso marcar hora com antecedência.

 

A rede conta ainda com um plano de saúde próprio voltado à prevenção, com custo a partir de US$ 11.

 

Para Michael Mazzeo, professor da Kellog School of Management, da Universidade Northwestern, a grande oferta de serviços pelos varejistas não é exatamente uma tendência, mas uma nova onda, uma segunda tentativa de algo que foi posto em prática pela primeira vez nos EUA há 30 anos, quando a Sears passou a oferecer serviços financeiros e de contabilidade."Eles não foram muito bem-sucedidos, porque os clientes preferiam ter atendimento especializado."

 

Nesta nova onda, as varejistas têm a seu favor a credibilidade -todas são redes nacionais e com anos de experiência- e a localização de suas unidades.

 

Mau momento da economia explica tática das redes

 

Para especialistas em varejo, o movimento do setor para oferecer mais serviços está ligado, sim, ao mau momento da economia nos EUA.

 

"Os varejistas fazem um grande investimento na locação de uma unidade. Uma vez que têm o espaço físico, é preciso gerar a maior rentabilidade possível. Em tempos difíceis para a economia, o estoque não tem tanta saída e o varejista tem de procurar alternativas", afirma Pradeep Chintagunta, professor da Booth School of Business, da Universidade de Chicago.

 

"É um setor muito competitivo e as empresas estão realmente tentando descobrir novas maneiras de atrair os consumidores e serem mais interessantes que os seus competidores", diz Michael Mazzeo, professor da Kellog School of Management, da Universidade Northwestern.

 

O grande número de unidades e a sua localização são fatores apontados para explicar o sucesso da oferta de serviços por varejistas, que funcionam como um centro em que tudo pode ser resolvido -de compras da casa até uma consulta médica.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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