Fabricantes e lojistas unem os esforços para amenizar os efeitos da ação dos importados no setor de cama, mesa e banho. Mais de 300 marcas estão reunidas no Parque Vila Germânica, de Blumenau, em Santa Catarina para a 12ª Texfair Home, onde apresentam, até sexta-feira, lançamentos de acessórios e itens de decoração têxtil para o lar.
Entre as tendências, além do consumo em alta, os players do setor se deparam com a perda de competitividade para a concorrência massiva dos produtos estrangeiros. Em 2011, a participação dos importados chegou a 10% do mercado interno, índice que chegava a 5% em 2007, de acordo com dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi).
Se por um lado, projeções do Bndes indicam que o consumo per capita pode crescer mais 50% em cinco anos, passando de 8,7 quilos para cerca de 20 quilos anuais, por outro, o aumento da participação externa no mercado nacional determina quedas significativa para os 1,4 mil fabricantes brasileiros, responsáveis pela geração direta de 92 mil postos de trabalho no País. Em 2011, a produção interna total fechou em 910 milhões de peças, resultado 14% inferior às mais de um bilhão de peças fabricadas em 2010.
Entre os importados, tapetes (28%), cobertores (21%), edredons (18%) e cortinas (15%), são os principais itens com ingresso no Brasil. Mais de 50% é de origem chinesa e 10% da Índia. Um novo dado preocupante se refere à outra ponta da balança comercial. Na década de 1990, cerca de 35% da produção nacional era destinada exclusivamente às exportações. Entre 2007 e 2011, os embarques reduziram 67%. No ano passado, pela primeira em duas décadas, as vendas externas registraram déficit comercial de US$ 182 milhões.
Mesmo com o aquecimento da economia, o sócio-diretor do Iemi, Marcelo Villin Prado, explica que a indústria brasileira, impedida de exportar em razão da pouca competitividade do câmbio, se tornou dependentes do mercado interno. Como consequência, a oferta tem superado a demanda, a produção estagnou e o mercado está saturado. Segundo Prado, empresas que chegaram a exportar 50% há seis anos, atualmente, embarcam apenas 7%. “Os importados são a maior ameaça ao produto nacional e é impossível de freá-la. Salvaguardas e medidas são válidas, mas teremos de aprender a conviver com isso e descobrir diferenciais competitivos.”
O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Vestuário de Blumenau, Renato Vallin, um dos organizadores da Feira Internacional, afirma que existe uma máxima do setor. “As empresas brasileiras são competentes do portão para dentro. Do portão para fora, com o custo Brasil agregado, encontramos dificuldades”, resume. Para Vallin, uma gama de produtos que antes eram exportáveis, atualmente, já não encontra saída. “As empresas precisam rodar a produção e se voltam para o mercado interno, onde os preços internacionais também agem como forma de pressão”, avalia.
Veículo: Jornal do Comércio - RS