Ipiranga lança plano de nacionalização da marca

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A companhia Ipiranga, braço de distribuição de combustíveis da holding Ultrapar Participações, do grupo Ultra, vai colocar em prática nos próximos dias um plano agressivo para nacionalizar sua marca. Após cinco anos de restrição, a distribuidora volta a atuar com sua bandeira nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, onde operava desde 2008 com a marca Texaco.

A estreia do grupo Ultra em distribuição de combustíveis - que representa hoje 87% do faturamento total da companhia, de R$ 48,6 bilhões em 2011, se deu em 2007, com a compra dos ativos de combustíveis do grupo Ipiranga. Àquela época, o conglomerado ficou com os postos do Sul e Sudeste - a Petrobras assumiu os ativos de distribuição no Centro-Oeste, Nordeste e Norte (chamada de Conen), por meio da BR Distribuidora. Em 2008, o Ultra foi novamente às compras e adquiriu os ativos da Chevron, operando com a marca Texaco na região do Conen.

A partir do dia 19, a Ipiranga torna-se uma marca nacional, com planos agressivos de expansão, afirmou ao Valor Leocadio de Almeida Antunes Filho, diretor-superintendente da distribuidora. Ao todo, a companhia conta com cerca de 1.200 postos na região do Conen. A expectativa é de que em três dias as unidades da Texaco sejam convertidas em Ipiranga. Essa conversão custará em torno de R$ 30 milhões. Mais de 20 empreiteiras, com 70 equipes e 300 pessoas trabalharão na reforma desses estabelecimentos, que manterão a marca Texaco até o dia 18.

Os planos do conglomerado nacional para sua área de distribuição são bem maiores. Neste ano, o grupo Ultra vai investir R$ 775 milhões na divisão de distribuição. Deste total, quase metade, ou R$ 327 milhões, será destinada à expansão da região do Conen, onde poderá crescer, em números de postos, 20% neste ano. Esses aportes serão focados no crescimento orgânico, sobretudo com aumento da rede de postos através de conversão de bandeiras brancas. Esse valor não inclui aquisições. "Uma parte desses recursos também será destinada à infraestrutura, com ampliação de tancagem e novas bases de distribuição", disse.
 

Segundo Antunes Filho, a Ipiranga quer saltar de uma participação de 12,2% atual no Norte, Nordeste e Centro-Oeste para 18% até 2015. Para conseguir esse salto de seis pontos percentuais no prazo de quatro anos, a Ipiranga vai ter que ir às compras novamente e desembolsar bastante dinheiro. De acordo com o executivo, as redes regionais deverão ser o foco do grupo para futuras aquisições, além de conversão de postos de bandeira branca e crescimento orgãnico.

Fontes do setor consultadas pelo Valor afirmam que o grupo Ultra teria de investir, no mínimo, R$ 1 bilhão nesse projeto de expansão para atingir os tão sonhados 18% de participação nessa região. A última aquisição, no Norte, foi em outubro de 2010, quando o grupo comprou a distribuidora de combustíveis DNP por R$ 85 milhões, reforçando o plano de expansão no Conen.

Altamente concentrado, o mercado de distribuição no país é dominado por três grandes companhias. A Petrobras, por meio da BR Distribuidora, é líder com uma participação nacional de 34,7%. A Ipiranga está na vice-liderança, com 21,4%, seguida da Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), com 17,6%. A rede AleSat é a quarta, com uma fatia de 3,8%. Esses dados de participação não incluem combustível de aviação e óleo combustível, segmentos nos quais a Ipiranga não atua.

Com cerca de 6 mil postos no país (ver quadro ao lado), a Ipiranga quer reforçar sua posição nessa região, que apresenta altas taxas de crescimento, se comparados ao Sul e Sudeste, onde a companhia já tem uma participação consolidada e com menores chances de crescimento em participação de mercado.

Com a expansão da marca Ipiranga, o grupo pretende também consolidar seu conceito de "posto completo" nessas regiões, com base na diversificação da oferta no ponto de venda. Com o retorno da marca, os consumidores terão acesso a produtos e serviços, como as lojas de conveniência am/pm, o Jet Oil e Jet Oil Motos, serviços especializados para automóveis e motos, o combustível original e a linha completa de lubrificantes.

A empresa também deverá expandir seu programa de fidelização "Km de Vantagens". A empresa vai investir em campanhas de marketing para potencializar sua marca naquelas regiões. Por ano, o grupo investe cerca de R$ 90 milhões em ações publicitárias.

O conglomerado reúne ativos em distribuição (Ipiranga), seu principal negócio, gás GLP (Ultragaz), químicos (Oxiteno) e de logística (Ultracargo) - tudo sob o guarda-chuva da holding Ultrapar Participações. Ontem, a companhia informou ao mercado que emitirá R$ 800 milhões em debêntures simples para alongar o perfil de seu endividamento.


Veículo: Valor Econômico


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