FAO vê ampla oferta de trigo, mas as cotações tendem a seguir firmes

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A produção mundial de trigo em 2012 será próxima do recorde do ano passado e os preços continuarão firmes, conforme as primeiras estimativas para o ano anunciadas ontem pela Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

A entidade comunicou também uma nova alta dos preços globais de alimentos pelo segundo mês consecutivo. Em fevereiro, a subida foi de 1%, depois dos 2% de janeiro. Isso ocorre essencialmente pelo aumento dos preços de açúcar, óleos e cereais. Recuo mesmo, só para os lácteos.

Em seu relatório sobre perspectivas de colheitas e da situação alimentar mundial, a FAO estima uma produção de trigo de 690 milhões de toneladas este ano, somente 10 milhões a menos do que em 2011. As plantações permanecem a atrair investimentos em resposta às perspectivas de preços altos. Mas o rendimento deve retornar à média após choques do ano passado.
 

Na Europa, a produção crescerá marginalmente. Na Rússia, a perspectiva é também de aumento, mas na Ucrânia a colheita de inverno deverá ser menor. Na América do Norte, a produção dos Estados Unidos pode se recuperar 10% em relação ao ano passado. No Canadá, a área cresceu significativamente. Na Ásia, as perspectivas também são favoráveis.

No Hemisfério Sul, as projeções para os grãos são mistas. No Brasil, as duas colheitas de milho (verão e inverno) devem resultar em novo recorde, da ordem de 60 milhões de toneladas. A Argentina registrará queda, mas ainda manterá um nível elevado de produção.

Em contrapartida, a FAO estima que os baixos preços para o arroz deverão reduzir os cultivos em Argentina, Brasil e Uruguai. Já o plantio de milho nos EUA começará neste mês, estimulado por perspectivas de preços altos. Apesar dos valores elevados para a soja, o milho deve ser favorecido em razão de melhor margem de ganho para os agricultores.

Em relação a 2011, a produção global recorde de cereais em 2011, estimada em 2,344 milhoes de toneladas (4% a mais que 2010), encheu os estoques mundiais e diminuiu os preços no segundo semestre. Desde o começo do ano, o dólar americano mais fraco e a queda no custo do frete estimularam as importações. Combinado às condições meteorológicas na Europa, seca nos Estados Unidos e pouca chuva na América do Sul, os preços subiram nas últimas semanas.
 

A utilização mundial de trigo aumentou em 2%. O consumo per capita de cereais na alimentação é de quase 154 quilos, com ganho concentrado na Ásia.

Baseada nas últimas estimativas, os estoques mundiais de cereais podem estar em 516 milhões de toneladas, equivalente a 2 milhões a mais do que havia sido antecipado no mês de fevereiro. A maior alta nos estoques de trigo está concentrada basicamente nos países do ex-império soviético, enquanto a do arroz estão na China e na Índia. Já os estoques para grãos brutos caíram quase 2%, por causa da queda do armazenamento de milho nos Estados Unidos.

O comércio internacional de cereais para 2011/12 deve superar o recorde de 289 milhões de toneladas de 2008/09. Essa expansão de 2,7% ocorre, sobretudo, com a exportação de 135 milhões de toneladas de trigo. A maior demanda vem da China, União Europeia, Indonésia e Irã.

O comércio de grãos forrageiros, "família" que inclui o milho, pode chegar a 121 milhoes de toneladas, uma ligeira baixa. Mas haverá aumento na demanda por arroz por parte da China, Japão, México e Arábia Saudita.

Quanto ao índice de preços para cereais, houve alta de 2% em fevereiro. Trigo e milho subiram, mas as cotações do arroz recuaram pelo terceiro mês seguido.


Veículo: Valor Econômico


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