A produção mundial de açúcar vive um boom, mas transportar o adoçante para os locais em que é demandado é outra questão totalmente diferente.
Alguns dos problemas já existem há algum tempo: os portos da Tailândia, maior exportador mundial depois do Brasil, não estão equipados para transportar rapidamente o produto. Mas existem outras dificuldades, como a política comercial da Europa, que deixou a região sem açúcar, mesmo com a produção maior que a esperada. A Rússia se tornou uma exportadora de açúcar pela primeira vez em 12 anos, mas sua capacidade de processamento limitada tem causado gargalos.
A situação criou a ilusão de que há uma escassez de açúcar, que ajudou a cotação a atingir o maior nível em mais de quatro anos no fim de fevereiro. Mas analistas alertam que essa alta pode ser revertida quando a safra brasileira chegar ao mercado, no início de maio.
Para os doze meses que se encerram em 31 de março, há previsões de que a produção mundial de açúcar atinja 178,1 milhões de toneladas, 7,7 milhões a mais do que a previsão da demanda mundial, afirmou a corretora e consultoria britânica Czarnikow.
O excesso de oferta geralmente derruba os preços. Mas a cotação da commodity na bolsa americana ICE Futures já subiu 10% este ano, já que os operadores estão levando em conta as diversas barreiras que impedem a chegada da produção de açúcar ao mercado mundial.
O Brasil não deve enfrentar problemas para exportar sua safra. A capacidade de refino do país ultrapassa sua atual oferta de cana-de-açúcar e as exportações atingiram 25 milhões de toneladas por ano nos últimos três anos, embora o mau tempo e atrasos nos portos já tenham afetado o fluxo do produto.
Veículo: Valor Econômico