Pressão da oferta ainda reduzida.
A colheita do feijão primeira safra, em Minas Gerais, já foi praticamente encerrada. Mesmo com o aumento da oferta do grão no mercado, os preços se mantiveram em alta. De acordo com dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), os valores pagos pela saca de 60 quilos estão variando entre R$ 185 e R$ 210, dependendo da qualidade do produto, e a tendência é que se mantenham em patamares elevados. O valor máximo do grão está 162,5% superior ao mínimo estipulado pelo governo.
De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater-MG, unidade Unaí, no Noroeste de Minas, Reinaldo da Silva Martins, a safra na região, que é a maior produtora do Estado, já foi praticamente toda colhida e os produtores estão investindo no plantio da segunda safra. Os preços atuais do grão, segundo Martins, são recordes e deverão continuar em alta devido à oferta restrita em um período de alta demanda.
"Os produtores de Unaí já estão investindo no plantio da segunda safra. A área não será ampliada devido à concorrência com outros produtos, como o milho e o sorgo. Com isso, a tendência é que os preços continuem valorizados", diz Martins.
Ainda segundo o engenheiro agrônomo, a primeira safra de feijão foi favorecida pelo clima. Além das chuvas necessárias para o enchimento das vagens, a estiagem observada em março favoreceu a colheita e contribuiu para a alta qualidade dos grãos, o que é fundamental para impulsionar os preços pagos aos produtores.
Segundo dados da Emater-MG, o mercado de feijão continua firme em Minas Gerais e São Paulo. Na Bolsinha de São Paulo, devido à oferta reduzida e à procura dos atacadistas, os preços para o feijão de qualidade variaram entre R$ 210 e R$ 235 por saca de 60 quilos.
O preço vigente em Minas Gerais, de R$ 185 a R$ 210, está entre 131,25% e 162,5% superior aos valores mínimos estipulado pelo governo, que é de R$ 80 por saca de 60 quilos. O preço sugerido pelo governo já é suficiente para cobrir os custos de produção e gerar lucro para os produtores.
"Após enfrentar perdas em 2011, tanto em relação à qualidade final dos grãos quanto aos preços baixos pagos, o que incentivou a redução do plantio, os produtores voltaram a contabilizar lucro na safra atual. A produção na segunda e terceira safras não deverá apresentar aumento significativo, tendo em vista a necessidade de irrigação. Além disso, os preços competitivos do milho deverão continuar a despertar o interesse dos produtores, já que o cereal, além de valorizado, tem mercado maior que o feijão", diz Martins.
Quebra - A valorização significativa do feijão, observada em Minas e em São Paulo, também se deve à redução da safra do grão na região Sul do país. A seca prolongada, entre janeiro e março, comprometeu boa parte da produção. O impacto nos demais mercados ocorreu devido ao fato de a região ser a maior produtora do país.
De acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul registraram os maiores recuos na produção, provocados pelo clima. No Paraná, que é o maior produtor de feijão do país, a queda esperada é de 36%, alcançando 344,4 milhões de toneladas, contra as 538,5 milhões de toneladas colhidas na safra anterior.
Com a estimativa de menor produção em Minas e a quebra da safra no Sul do país, os preços deverão se manter em patamares elevados ao longo de abril.
Em Minas, a produção de feijão primeira safra ficou 4,3% menor que em igual período da safra anterior. Os preços baixos pagos pelo grão ao longo de 2011 incentivaram os produtores a migrarem de cultura, principalmente para o milho, que tinha perspectivas mais positivas no mercado.
Com a queda, Minas, que é o segundo maior produtor do grão, atrás apenas do Paraná, irá colher 214,5 mil toneladas de feijão na primeira safra de 2011/12, contra as 224,2 mil toneladas obtidas no período produtivo anterior. A produtividade por hectare está 2,7% maior, girando em torno de 1,19 tonelada. A área destinada ao plantio do feijão é de 178,9 mil hectares, espaço 6,9% menor que o reservado na safra passada. Para a segunda safra, os técnicos da Conab estimam um aumento de 2,5%.
Veículo: Diário do Comércio - MG