Shoppings investem em vigilância à paisana

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Em São Paulo, há seguranças disfarçados no Cidade Jardim, Higienópolis, Santana e Bourbon; estratégia é nacional


Clientes podem achar que local é inseguro ao ver vários profissionais de uniforme, diz gestor de centro de compras

Vestindo jeans, camisa xadrez para fora da calça e tênis branco, um homem loiro, de uns 30 anos, olha as vitrines das lojas de um shopping.

Senta-se em um banco, finge ler uma revista e se levanta rapidamente. Vai até a porta do shopping e acena com a cabeça para um segurança.

Dá meia-volta e reinicia o descomprometido processo de olhar as vitrines. O traje despojado e a atitude semelhante à de um cliente qualquer fazem as pessoas pensarem que o homem é apenas mais um consumidor do centro de compras. Na verdade, é um segurança à paisana.

Ter vigilantes disfarçados nas áreas interna e externa foi uma das maneiras que os shoppings acharam para ver seus nomes desvinculados de crimes -mesmo que as vítimas sejam clientes desatentos que deixaram a bolsa pendurada em uma cadeira da praça de alimentação e não notaram que alguém a furtou.

O fenômeno não é exclusivo de shoppings da capital paulista, onde Cidade Jardim, Santana, Higienópolis e Bourbon já adotaram a estratégia. Em cidades como Guarulhos, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre também há esse tipo de profissional.

Para Ricardo Mendes, superintendente do shopping Boulevard, de Brasília, não é tão incomum haver segurança à paisana nos shoppings.

"Nem todo cliente gosta de uma segurança ostensiva. Tem gente que se sente mal e pode achar que a criminalidade naquele local é alta."

PANORAMA

Para o presidente da Alshop (Associação de Lojistas de Shoppings), Nabil Sahyoun, a tática não é a mais adequada no combate à criminalidade. "A segurança ostensiva e os investimentos em tecnologia costumam ser mais efetivos", afirmou.

Conforme a Alshop, 5% dos 802 shoppings do país têm seguranças à paisana.

Além do "cliente fajuto", os shoppings e seus lojistas também investem no falso motoboy. Vigilantes sem uniforme ficam próximos às entradas dos centros comerciais, ao lado de motos. Se ocorrer algum assalto com fuga de carro, eles são avisados por ponto eletrônico e tentam seguir o ladrão à distância. O objetivo não é abordar o criminoso, mas informar à polícia qual foi o trajeto dele.

Nos últimos dois anos, os shoppings do país enfrentaram uma série de roubos em suas joalherias. No período, segundo a Alshop, foram 130 casos. Na maioria deles, bandos, fortemente armados, invadem as joalherias, rendem funcionários e levam joias em poucos minutos. Neste ano, nenhum roubo foi divulgado.

Após o aparente fim da onda, a preocupação dos shoppings agora é a redução dos furtos de clientes. Mais discretos, os ladrões aproveitam um momento de distração e levam pertences das vítimas. Segundo a polícia, neste ano, foram ao menos 50 casos.


Veículo: Folha de S.Paulo


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