Empresas como LG, Ambev, Accor e J&J já estão se preparando para lucrar com a Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Conheça seus planos.
Famoso bordão do locutor e jornalista esportivo paulista Osmar Santos, “pimba na gorduchinha” significava chutar uma bola de futebol durante uma partida. Em geral, o radialista usava a frase em um lance contundente, com perigo de gol. A pouco mais de dois anos do pontapé inicial da Copa do Mundo no Brasil, várias empresas já estão se preparando para driblar os adversários e empurrar a gorduchinha para a rede. Elas estão de olho nos lucros que podem conquistar com o campeonato mundial. Com isso, adaptam produtos e trazem novos serviços para o mercado brasileiro. Veja o exemplo da LG, fabricante coreana de televisores. Desde 2007, a empresa vende uma tevê exclusiva para hotéis.
No começo deste ano, a companhia resolveu fabricar na Zona de Franca de Manaus uma versão mais moderna do aparelho com um software que permite à administração do hotel desde o controle de volume do aparelho até o envio de mensagens aos hóspedes e informá-los sobre as atividades internas e as atrações turísticas da cidade. “Pegamos carona na Copa do Mundo para crescer mais nessa área”, diz Rodrigo Fiani, gerente-geral de soluções para negócios da LG. Assim como a LG, o grupo hoteleiro Accor, a fabricante de produtos de higiene pessoal Johnson & Johnson, a cervejaria Ambev, a seguradora Allianz, o grupo de segurança Protege e a empresa de educação Multi brigam para conquistar uma fatia dos R$ 64,5 bilhões que vão ser injetados na economia brasileira em razão da Copa do Mundo, segundo estudo das consultorias Ernst & Young e FGV Projetos.
“Quem ainda não começou a investir, com certeza, está perdendo chances”, afirma Marcos Nicolas, diretor-executivo da Ernst & Young. Foi o que pensou a Johnson & Johnson. Pela primeira vez, a companhia americana vai patrocinar uma Copa do Mundo. “Foi uma decisão estratégica para acelerar o desenvolvimento da marca no País e conquistar participação de mercado”, diz Rick Wolff, diretor de marketing institucional da J&J. A Ambev, que faz parte do grupo belgo-brasileiro AB Inbev, quer aproveitar o mundial de futebol para reforçar o marketing de outra patrocinadora do evento, a cerveja Budweiser, uma das marcas mais vendidas nos Estados Unidos, mas que detém menos de 1% de participação de mercado no País.
As oportunidades de negócio não se limitam aos patrocinadores do evento, como a J&J e a Budweiser. A seguradora alemã Allianz estuda trazer para o Brasil um pacote de seguros idêntico ao lançado na Copa de 2002 na Alemanha, que inclui cobertura de perda de passaporte e de bagagem, contratação de tradutor e até indenizações por cancelamento dos jogos. “Queremos usar a Copa para fomentar no brasileiro a cultura do seguro”, diz Edson Toguchi, superintendente de grandes riscos da Allianz. Quem quer também aproveitar a onda da segurança é o grupo Protege. A empresa aguarda a regulamentação, prevista para maio, que permitirá que seguranças privados atuem em eventos de grande porte. Antes mesmo dessa mudança, o grupo já mantém contratos com patrocinadores para fazer a segurança de convidados famosos e de camarotes ou festas fechadas realizadas durante o evento.
“Poderemos crescer mais de 15% só por conta da Copa”, afirma Mário Baptista de Oliveira, diretor-geral da Protege, que faturou R$ 1,2 bilhão em 2011. Outro filão a ser explorado é o dos cursos de inglês, em razão da conhecida falta de habilidade – e de fluência – do brasileiro em falar o idioma bretão. O Grupo Multi, que reúne dez redes de escolas de idioma, como Wizard, Skill e Yázigi, por exemplo, criou cursos específicos para profissionais que terão de lidar com os turistas estrangeiros. Um contrato com a Prefeitura do Rio de Janeiro já prevê aulas para sete mil policiais. A empresa também lançou um guia com 2.014 frases mais utilizadas em língua inglesa, usadas na comunicação em aeroportos, restaurantes, táxis e hotéis. Os hotéis, por sinal, são um dos grandes gargalos do evento.
Estima-se que três milhões de turistas estrangeiros visitem o País durante os jogos da Copa do Mundo. Eles devem gastar R$ 2,1 bilhões apenas em hospedagem. É por esse motivo que grandes redes internacionais estão anunciando investimentos no Brasil. O grupo francês Accor é um deles. “As sedes da Copa fazem parte do nosso plano de investimentos”, diz Joseph Levy, diretor de comunicação e marketing para a América Latina do Accor. Nos próximos dois anos, além de reformar os hotéis já existentes, vai construir outros 26, com um investimento de R$ 567 milhões, concentrado-se nas bandeiras Ibis e Mercure. A empresa vai usar o evento como parte de sua meta de expansão, que prevê aumentar de 64 para 107 o número de municípios em que está presenta, até 2016.
Veículo: Isto É Dinheiro