Pão de Açúcar volta às origens para retomar o crescimento

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A meta é manter o ritmo no próximo ano e, para enfrentar um ambiente ainda rodeado de incertezas, a rede, co-administrada pelo empresário Abilio Diniz e pelo sócio francês Grupo Casino, trabalha com três cenários para 2009, mantidos em segredo pela diretoria executiva. "É possível que o crescimento não mantenha o mesmo ritmo no próximo ano, mas vai continuar. Temos grande confiança no futuro, somos uma companhia enxuta, preparada, e com uma performance operacional muito boa, agressiva em vendas e na busca constante por resultados", ressaltou o executivo.

 

Sabe-se que está mantida a previsão de aplicar R$ 1 bilhão em aproximadamente 100 lojas e a intenção de criar uma nova divisão de negócios no segmento imobiliário para tornar rentáveis os R$ 2 bilhões em ativos imobilizados que a companhia detém, sendo que não está descartada a exploração de torres comerciais, residenciais e mesmo shopping centers.

 

Análise

 

Há quase um ano à frente dos negócios do Grupo Pão de Açúcar, Galeazzi considera que o Grupo passou por um período de ajustes necessários que fizeram retomar seu crescimento. "Hoje, gerentes regionais e diretores podem trabalhar com mais desenvoltura na busca por maior eficiência. Como diz o Abilio [Diniz], os nossos 140 anos de experiência, e somado as nossas idades, foram muito importantes. Acredito que estamos no caminho certo, mas que ainda há muito que fazer", pontuou.

 

A decisão de Abilio Diniz de profissionalizar a gestão do Pão de Açúcar foi iniciada 2003, e uma das premissas do empresário era quebrar o paradigma de que a empresa dependia de seu comando. Com o afastamento de Cássio Casseb da presidência em dezembro do ano passado, o desafio era encontrar um profissional que continuasse o principal legado do antigo gestor.

 

Segundo Galeazzi, simplificar os processos e buscar mais eficiência dos executivos é uma das prioridades. "Promovemos o empowerment [delegar autoridade] na diretoria e os resultados do trabalho implementado já apareceram no terceiro trimestre, fato comemorado pelos analistas e pelo mercado", explicou ao DCI.

 

Na última divulgação de resultados, Enéas Pestana, vice-presidente administrativo-financeiro da companhia, comemorou o fato de este ter sido o melhor desempenho da história do Pão de Açúcar, quando obteve lucro líquido de R$ 82,5 milhões, valor 138% maior que o do mesmo período de 2007. As vendas tiveram alta de 13,6% pelo critério de mesmas-lojas. O Ebitda alcançou alta de 50%, com R$ 357 milhões.

 

Custos

 

No trimestre anterior, as despesas operacionais (com vendas, administrativas e gerais) representaram 18,3% das vendas líquidas, percentual avaliado pela empresa como "significativamente inferior" aos 21,2% do mesmo período do ano passado. Ainda em decorrência das mudanças implementadas por Galeazzi, dos R$ 730 milhões de investimentos previstos para este ano, será aplicado o montante de R$ 500 milhões. A explicação é que existe uma dificuldade de encontrar imóveis com o perfil desejado, diminuindo a compra de terrenos.

 

Sócio e fundador da Galeazzi & Associados, o consultor já participou do conselho de administração e atuou como CEO na reestruturação de grandes companhias, como Lojas Americanas, Vila Romana e Mococa. Ele ainda tem mais um ano à frente do Pão de Açúcar e a tarefa de formar um sucessor, que será selecionado entre os diretores da empresa.

 

Ao encerrar o terceiro trimestre do ano com R$ 1,4 bilhão em caixa para financiar a sua expansão de 100 lojas ano que vem, o Grupo Pão de Açúcar crê na melhora do cenário econômico em 2009. Por isso, a empresa diz que manterá a estratégia mais agressiva e com enfoque em preços mais competitivos e redução de gastos adotada desde que o consultor Claudio Galeazzi assumiu as rédeas do Grupo, no final de 2007.

 

Como resultado da gestão do novo presidente, a rede já contabiliza um aumento de 21,9% nas vendas líquidas dos três primeiros trimestres do ano, totalizando R$ 12,8 bilhões.

 

De acordo com Galeazzi, "com a reestruturação, voltamos às origens, a partir da implementação da política do back to basics. O resultado foi o retorno aos números que a companhia exibia até o início dos anos 2000", diz. Nas vendas líquidas dos três primeiros meses do ano, a rede faturou R$ 12,8 bilhões. Nesta segunda-feira (24), o presidente da empresa receberá o Prêmio DCI às Empresas Mais Admiradas, no setor de Comércio, no Jockey Club, em São Paulo.

 

Veículo: DCI


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