Produtor troca mais leite por concentrados

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Além de uma demanda retraída, o produtor de leite enfrenta este mês a pior relação de troca desde fevereiro de 2007, calcula Marcelo Pereira de Carvalho, consultor da Milkpoint. A queda verificada no valor de alguns insumos, como a uréia que passou de R$ 1.741 a tonelada em setembro para R$ 1.689 em outubro - recuo de 3% -, não foi suficiente para cobrir a retração de 4% na cotação do leite.

 

Em outubro, os preços de vários concentrados que não caíram, permaneceram estáveis, quando comparados a setembro. A polpa cítrica foi negociada a um valor 20% menor, assim como o farelo proteinoso de milho. Queda que persiste também em novembro, mas em relação ao período de 2007, esses alimentos ficaram em média 6% mais caros.

 

De acordo com levantamento da Scot Consultoria, a uréia saiu de R$825 a tonelada em outubro de 2007 para R$1.689 no referente mês de 2008, aumento de 105%. A tonelada do nutriente começou o ano cotada em R$ 940, em agosto chegou a R$ 1280. E ela, a uréia, é só uma das commodities que deteriorou a relação de troca do leite com os principais alimentos concentrados. Em média, a queda no poder de compra do produtor foi de 4,37%.

 

O litro de leite, que em setembro era vendido a um preço médio de R$ 0,64, agora é negociado a R$ 0,60. Em junho o mercado pagava R$ 0,74 pelo litro da bebida. "Para o pagamento efetuado em novembro ainda vai haver queda", prevê José Amaral, consultor da Scot. Mas segundo ele, 40% dos laticínios começam a apontar estabilidade em relação aos preços, que deve ser sentida a partir do próximo mês.

 

O mercado interno brasileiro consome 95% do leite que produz, e este ano o setor deve fornecer quase 30 bilhões de litros da bebida. "O mercado é dinâmico demais, 2006 foi um ano difícil, 2007 foi excelente e este ano o setor não conseguiu sustentar os investimentos que fez. E essa variação da demanda faz a indústria estocar o produto para tentar escapar de prejuízos ainda maiores", explica Cristiane de Paula Turco, analista da Scot.

 

Carvalho acredita que para o produtor vai ser um fim de ano complicado, "o que ajuda a explicar a retração da oferta. O sudeste e o centro-oeste estão no auge da safra e não estão estimulados pela demanda do mercado". Segundo o consultor, o vilão agora é a oferta e não a demanda. "Se antes estava difícil dar vazão ao aumento de 14% de oferta no primeiro semestre, agora, com a tímida demanda típica de fim de ano, está ainda pior", analisa.

 

O diretor de produção do Leite Fazenda Bela Vista, Sérgio Ferraz Ribeiro Filho, admite que a margem do produtor diminuiu drasticamente, "quando não empata, fica negativa". Das 6300 cabeças de gado da Fazenda, 3 mil ficam confinadas, o que segundo Ribeiro Filho aumenta os custos de produção. O diretor calcula que 60% desses custos são referentes a alimentação. Todos os dias são produzidos 73 mil litros de leite na Fazenda Bela Vista.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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