Exportações caem e mercado interno absorve oferta de fruta

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Desde a crise de 2008, os embarques ao exterior vêm diminuindo, e a tendência de baixa deve se repetir neste ano. Mas o mercado nacional tem incorporado o produto.


As exportações de fruta, que vêm em queda desde a crise financeira de 2008, em consequência da retração do mercado europeu, devem continuar em baixa neste ano. Na melhor das hipóteses, manter o volume - já enxuto - de 2011, de acordo com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Por outro lado, o consumo interno, aquecido pela alta na renda do brasileiro, está absorvendo a demanda excedente e impedindo a desvalorização dos hortifrútis.

O preço das frutas se manteve estável no primeiro trimestre, indicando que a demanda interna ocupa o espaço deixado pelas exportações. No mercado paulista, houve queda "razoável" de 3,3% no valor dos hortifrútis, segundo o economista Flávio Godas, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). "A tendência é de estabilidade, em 2012, para esse setor Mesmo com alta na oferta", disse.

O volume de frutas que passaram pela Ceagesp nos três primeiros meses do ano cresceu cerca de 10%, em relação ao mesmo período de 2011. Foram 447,8 mil toneladas de produtos, ante 404,2 mil. "Mas os preços não caíram na mesma proporção, pois o mercado interno - com os novos consumidores e maior poder aquisitivo - absorveu a oferta", afirmou Godas.

Enquanto o brasileiro consome mais frutas, no entanto, a Europa, que compra 80% dos hortifrútis exportados pelo Brasil, permanece de boca fechada. Entre 2008 e 2009, em meio à crise, os embarques do País caíram 12,1% em volume. A tendência de baixa continuou pelos anos seguintes, e para 2012 é esperado, "na melhor das hipóteses", que se mantenha o nível de exportações registrado no ano passado.

Em 2011, o Brasil exportou 681,2 mil toneladas de frutas, movimentando US$ 663,6 milhões - decréscimo de 10,2% em volume e alta de 3,9% em faturamento, em comparação a 2010. "Neste ano, devemos ficar no mesmo patamar", disse o engenheiro agrônomo Cloves Ribeiro, do Ibraf.

"Os motivos são os mesmos dos últimos três anos: a baixa demanda da União Europeia, que é o nosso maior mercado; o câmbio valorizado, que a cada ano nos torna menos competitivos; e alguns problemas climáticos que afetam a qualidade e o volume das frutas", explicou.


Saídas

Para recuperar os níveis de exportação anteriores à crise, representantes do segmento de hortifrúti buscam intensificar a relação comercial com países que já compram do Brasil, mas ainda em pequenos volumes, e também abrir novos mercados. Os Estados Unidos e o Canadá, por exemplo, compram menos frutas do País do que poderiam, de acordo com Ribeiro.

"Temos que focar esses mercados onde já atuamos, mas com pequenos volumes. E trabalhar junto ao governo federal para abrir novos mercados, como o asiático", disse Ribeiro. Os países árabes estão na lista preferencial e atraem ações promocionais, segundo o especialista.

Porém, a dificuldade em se obter novas relações comerciais está na autorização de embarque - um assunto de governos. "As negociações são muito morosas", frisou Ribeiro, citando o exemplo da manga brasileira, que levou 35 anos para conseguir entrar no Japão (em 2007).

Custo Brasil

Embora os embarques de fruta tenham diminuído nos últimos três anos, o faturamento vem apresentando leves altas. "O setor repassa o 'custo Brasil' às exportações, mas ainda fatura menos do que deveria", observou Ribeiro.


Veículo: DCI


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