A Região Nordeste tem na alimentação fora do lar um mercado em franca expansão, tanto que enquanto o aumento do custo da refeição fora de casa nos últimos 12 meses foi 9,68% em âmbito nacional, na capital pernambucana o índice foi de 12,34% - a segunda maior alta em território nacional. Os dados foram apurados junto ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estudo divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da inflação um pouco acima da média nacional, o custo de se comer fora por aqui não está tão alto como em outras cidades e regiões do País. Afinal, o aumento é puxado por cenários como o de que, apesar disso, entre os preços médios da refeição em diversas cidades brasileiras, Recife tem o terceiro menor custo em refeições fora do domicílio, como mostra pesquisa da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert).
Com preço médio de R$ 19,73 em solo recifense, a refeição só é mais barata nas cidades de Fortaleza e Porto Alegre. O local onde sai mais caro é na Grande São Paulo, cuja refeição custa R$ 26,80. O levantamento da Assert constatou que os pratos à la carte são os de preço mais elevado, seguidos pelas modalidades executivo, self-service e comercial. No Recife, um prato desses sai em média por R$ 27,67, enquanto um comercial custa R$ 10,36.
Para o economista e professor da Universidade São Paulo (USP) Nelson Barrizzelli, os números do aumento de preços e de consumo na capital pernambucana reflete uma tendência já cravada no mercado brasileiro. "Temos a classe C crescendo em ritmo acelerado na região, temos mais empresas contratando e mais oportunidade de negócios para as varejistas de alimentação; esse tipo de número puxa esta alta acima da média na região." O acadêmico, no entanto, não acredita que esta disparidade de valores se mantenha por muito tempo. "Há mais oportunidades por enquanto, mas quando as cidades nordestinas se equipararem com as capitais do sudeste esse número tende a ficar mais equilibrado", explica.
Outro motivo apontado pelo professor é a chegada de grandes empresas à região. "Temos a indústria bombando, temos o comércio contratando, e as empresas multinacionais se multiplicam por lá, o que começa a trazer para a cidade mais fomento de benefícios de vale-alimentação que puxa a alimentação fora do lar", explica.
Custos
Outros fatores também contribuíram para o aumento de preços em Recife na média nacional na alimentação fora do lar nos últimos 12 meses. Segundo a pesquisadora do IBGE Irene Machado, a alta se deve em boa parte ao grande custo que alimentos como o feijão e a carne tiveram no decorrer do ano passado.
O custo com mão de obra, aluguel, energia, entre outros, também conta na elaboração do índice, mas a pesquisa do IBGE não apontou sua influência para o aumento dos preços. A pesquisadora do IBGE Irene Machado afirma que a tendência agora no Recife é de uma inflação em valores mais baixos. "Os preços chegaram a um nível limite", como explica a pesquisadora do Instituto.
Tanto é que o índice tem crescido em proporções menores nos últimos meses. Por exemplo, a capital pernambucana foi uma das que apresentaram menor variação de preços no mês de março: aumento de 0,14% em relação a fevereiro. Ficou acima apenas de Salvador e Belo Horizonte, onde a variação foi negativa em 0,03% e 0,04%, respectivamente. A pesquisadora do IBGE argumenta que o fim da alta temporada no nordeste influenciou a diminuição do ritmo de aumento no custo de se comer fora.
Veículo: DCI