Varejo: clima é de otimismo, mas com cautela

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O clima é de otimismo, mas também de cautela. O Dia das Mães, a segunda data mais festejada pelos lojistas, deve significar um aumento médio das vendas da ordem de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Uma expectativa conservadora, considerando os bons níveis de emprego e renda registrados no último ano.

 

Em pesquisas realizadas pela Câmara de Dirigentes Logistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e da Fecomércio Minas, os empresários apontam o endividamento dos consumidores como possível inibidor das compras e indutor de tíquetes em valores mais baixos, entre R$ 50,00 e R$ 100,00. Para estimular o consumo, a estratégia é formar preços diferenciados: oferecer descontos, negociar com os fornecedores e investir em produtos de maior giro.

 

A pesquisa de opinião do comércio varejista realizada pela Fecomércio Minas apurou que 73,2% dos lojistas de Belo Horizonte esperam aumentar o faturamento este ano, em relação a 2011. Dos entrevistados, 70,6% esperam um crescimento moderado, entre 10% e 20%. Outros 17,6% apostam em uma expansão de 20% a 50%. E apenas 11,8% projetam aumentos de mais de 50%. O otimismo seria justificado. O clima econômico é favorável, com baixo desemprego, aumento de renda e crédito facilitado.

 

No entanto, 46% dos lojistas entrevistados acreditam que o alto endividamento dos consumidores pode inibir o consumo. E manter o tíquete médio em valores mais baixos. A maioria, 52% dos entrevistados, acredita que o tíquete deve variar entre R$ 50,00 e R$ 100,00. Outros, 13,6% acreditam em valores menores, de até R$ 50,00. E 30,6% projetam compras em valores entre R$ 100,00 e R$ 500,00. E somente 3,9% esperam vendas com tíquetes de mais de R$ 500,00.

 

"Quanto menor o tíquete, maior o esforço do lojista em promover as vendas", analisa a gerente do Departamento de Economia da Fecomércio Minas, Silvânia Araujo, para quem o empresário deve firmar esforços para atrair os consumidores, com promoções, descontos, kits e formação de estoques. A preocupação dos lojistas tem fundamento. Pesquisa de Endividamento ao Consumidor, realizada pela Fecomércio em janeiro-fevereiro deste ano mostrou que 75% dos 400 entrevistados já estavam comprometidos financeiramente para os próximos meses. A pesquisa anterior, de novembro/dezembro de 2011 apontou que o universo de pessoas endividadas era um pouco menor, de 70%.

 

Cartão - O endividamento deve-se, em maior parte, ao aumento do uso de cartão de crédito. Segundo Silvânia de Araujo, pesquisa de orçamento realizada em janeiro-fevereiro deste ano indicou que o peso do cartão de crédito no compromisso financeiro do consumidor chegou a 51%. No mesmo período do ano passado não passou de 44%. Para o Dia das Mães, esta deve ser a forma preferencial de pagamento, segundo expectativa de 74,7% dos entrevistados.

 

No entanto, a redução da taxa de juros Selic, que passou de 9,75% para 9% ao ano, no último dia 18 de abril, pode superar as expectativas e gerar efeito positivo nas vendas ainda para o Dia das Mães. Na avaliação da economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, o momento é favorável para negociações junto às instituições credoras, o que pode criar novas oportunidades de consumo.

 

Outro fator considerado positivo e que pode tornar a data mais festiva para os lojistas é a nova linha de financiamento lançada na segunda-feira passada pela Caixa Econômica Federal, para a compra de móveis e eletrodomésticos da linha branca, destinada exclusivamente aos beneficiários do programa habitacional "Minha casa, minha vida" do governo federal. Serão destinados R$ 2 bilhões para esta linha, com contratações disponíveis a partir de 4 de maio, com taxas de juros que variam de 1% a 2% ao mês.

 

Tanto a redução de juros quanto a nova linha de financiamento da Caixa podem surpreender os lojistas de Belo Horizonte. Ouvidos para a pesquisa da CDL-BH antes das novas medidas do governo federal, os empresários acreditavam num crescimento de vendas bem modesto, entre 5% e 7%.

 

E com um tíquete médio também mais baixo, variando entre R$ 50,01 e R$ 100,00, na avaliação de 43,65% dos entrevistados. E nem chegando a R$ 50,00, na expectativa de 38,07%. Mas também os empresários ouvidos pela CDL-BH confiam na força do cartão de crédito. E, de certo modo, na tendência de endividamento. Nada menos que 85,37% dos lojistas ouvidos pela entidade acreditam que os consumidores vão optar por este meio e parcelar o pagamento.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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