A BP Biocombustíveis, braço sucroalcooleiro da petroleira britânica BP, pretende processar nesta temporada 2012/13 em torno de 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em suas três usinas do Brasil, 11% mais do que as 4,5 milhões de toneladas da temporada anterior. Pela segunda safra consecutiva, o mix da safra da petroleira será mais favorável para o açúcar. "Será de 55%, contra 45% para etanol, praticamente o mesmo do ciclo anterior", disse em entrevista ao Valor, o presidente da BP Biocombustíveis, Mario Lindenhayn.
O açúcar entrou no portfólio da empresa no ano passado, com a compra das duas usinas da Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA). Até então, a BP Biocombustível detinha apenas uma usina de etanol em Goiás, a Tropical. "O açúcar faz parte do nosso negócio e estará presente nas expansões que estão por vir. Procuramos flexibilidade com os quatro produtos, anidro, hidratado, açúcar e eletricidade", explicou.
A previsão é que neste ano a produção de açúcar da empresa seja de 350 mil toneladas e a de etanol, de 200 milhões de litros. Com rentabilidade maior do que a do etanol, a commodity também ganhou mais espaço no portfólio de outra petroleira, a Petrobras, por meio de sua subsidiária Petrobras Biocombustível (PBio). Com sua sócia Guarani, a PBio deve registrar uma produção entre 1,4 milhão a 1,5 milhão de toneladas de açúcar, 8% maior que a do ano passado.
A BP Biocombustível também anunciou ontem que vendeu para a multinacional Bunge equipamentos e canavial do projeto Campina Verde (MG). O valor da operação não foi revelado. Segundo Lindenhayn, a desistência do projeto - que foi adquirido com as duas usinas da CNAA - não muda os planos da empresa para o Brasil.
Até agora, a petroleira investiu R$ 400 milhões em suas unidades de cana, entre aportes industriais e agrícolas - fora o valor pago pelas aquisições de usinas. "Somente em canaviais foram R$ 160 milhões", destaca Lindenhayn.
O objetivo é elevar já no ano que vem a moagem de todas as três usinas para 2,5 milhões de toneladas de cana - apenas a usina Tropical (GO) já atingiu esse patamar de moagem. "Em dois anos, pelo menos uma das nossas unidades estará processando 5 milhões. O objetivo é que, em seguida, as outras duas também alcancem essa moagem", diz Lindenhayn.
O valor de investimento contabilizado até agora considera o anúncio feito ontem de aporte de R$ 50 milhões no projeto de cogeração de energia na usina Tropical, que é a única das três unidades que ainda não exporta eletricidade. A usina goiana terá a partir do ano que vem capacidade para exportar cerca de 170 gigawatts/hora (GWh). Com esse projeto, a empresa conseguirá em 2013 cogerar o equivalente a 510 gigawatts/hora (GWh), ante os 340 GW/h deste ano.
Veículo: Valor Econômico