A receita com as exportações brasileiras de café em abril registrou queda de 30,7% em relação ao mesmo mês de 2011 e totalizou US$ 479,2 milhões. O volume embarcado, de 1,9 milhão de sacas, recuou 28,5% na mesma base de comparação. Já o preço médio dos embarques foi de US$ 244 a saca, redução de 3% ante US$ 251,8 de abril de 2011. Pela primeira vez desde junho de 2008, o volume mensal embarcado ficou abaixo de 2 milhões de sacas. Os números foram divulgados ontem pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O diretor-geral do Cecafé, Guilherme Braga, disse que o resultado não surpreende, mas é uma sinalização de que a safra 2011/12 pode ser menor que a esperada. Aliás, a queda registrada nos últimos meses reflete uma colheita menor, pois esta temporada é de ciclo baixo devido à bienalidade da cultura do arábica, predominante no país.
O que surpreendeu no último mês, segundo Braga, foi o volume de café conilon muito inferior às exportações de abril do ano passado. As vendas externas do produto caíram 89,2%, saindo de 322,3 mil para 34,8 mil sacas. A explicação é a demanda interna forte, tanto para torrefação (uso em blends com o arábica) quanto para a fabricação de solúvel, o que deixa o preço do produto mais competitivo no mercado doméstico, de acordo com o Cecafé.
No acumulado de 2012, as vendas externas somaram 8,6 milhões de sacas, baixa de 19,4% sobre os quatro primeiros meses do ano passado. Já a receita caiu 12%, a US$ 2,2 bilhões ante os US$ 2,5 bilhões apurados um ano antes.
Em compensação, nos dez primeiros meses da safra 2011/12 (julho de 2011 a abril de 2012), o valor dos embarques cresceu 15,7%, para US$ 6,9 bilhões. O Cecafé diz que o aumento da receita não está relacionado apenas à alta dos preços, mas também à qualidade do produto exportado.
Os cafés "diferenciados", que compreendem os produtos orgânicos, especiais e certificados, representaram 29,9% do total de café em grão embarcado pelo Brasil no primeiro quadrimestre de 2012. Em todo o ano passado, esses grãos tiveram uma fatia de cerca de 26% do total exportado. O preço médio desses produtos no primeiro quadrimestre de 2012 foi de US$ 312,8 por saca, 26,3% maior que o valor dos grãos convencionais, os chamados "arábicas naturais", de US$ 247,6 a saca.
Veículo: Valor Econômico