A Algar Agro, braço da holding Algar, sediada em Uberlândia (MG), deverá inaugurar em junho, no Maranhão, sua segunda planta de refino e envase de óleo de soja. Incluída em um pacote de investimentos de cerca de R$ 100 milhões, que também prevê a construção de três armazéns, a fábrica está localizada no complexo de processamento de soja da empresa em Porto Franco, área de Cerrado no sudoeste maranhense, e representa mais um passo para a consolidação dos negócios no Nordeste. A região já é o principal motor do avanço da Algar Agro, cuja receita líquida alcançou R$ 1,1 bilhão em 2011, 25% a mais do que em 2010.
Em 2003, após prospecções em Mato Grosso, a divisão agrícola da holding mineira, então chamada ABC Inco, decidiu partir para a região conhecida como "Mapito", que despontava como uma nova fronteira agrícola em franco desenvolvimento na confluência dos Estados de Maranhão, Piauí e Tocantins. Em 2005, ergueu seu primeiro armazém no Maranhão; no ano seguinte, construiu outros dois no Estado; e em 2007 inaugurou a fábrica de processamento em Porto Franco, com capacidade para 1,5 mil toneladas de soja/dia.
Paralelamente, lembra Leonardo Freitas, diretor superintendente da Algar Agro, a rede de armazenagem no "Mapito" continuou a ser fortalecida e passou a contar com 12 unidades, dez delas no Maranhão. Nesse processo de diversificação geográfica de sua atuação agrícola, a empresa investiu, de 2003 a 2011, cerca de R$ 200 milhões. Com o novo "pacote" de R$ 100 milhões em curso, além da unidade de refino e envase de óleo serão construídos mais um armazém no Maranhão e dois em Tocantins.
Segundo Leonardo Freitas, diretor superintendente da Algar Agro, há um planejamento em marcha para garantir o avanço no "Mapito" e na Bahia até 2015. Somado o escoamento de parte da colheita de soja de Mato Grosso pelo Norte do país, uma tendência que deverá se fortalecer nos próximos anos, Freitas acredita que o movimento com o grão poderá chegar a 7,5 milhões de toneladas por safra naquela região até a temporada 2015/16, praticamente o dobro do volume atual.
Nesse contexto, o executivo acredita que tanto a fábrica de processamento, que hoje opera com metade de sua capacidade, quanto a unidade de refino e envase de óleo, que será inaugurada em junho com capacidade para 550 mil caixas por mês, estarão rodando a pleno vapor em 2014. Nos dois casos, informa Freitas, os projetos foram executados com espaço para futuras ampliações. O processamento, por exemplo, poderá ser ampliado para até 3 mil toneladas diárias. "E esse complexo está situado ao largo da Ferrovia Norte-Sul, o que nos confere uma vantagem logística importante".
Para alimentar as instalações em Porto Franco, a Algar Agro compra de agricultores da região - ou "origina", sobretudo a partir de operações de troca de insumos pela colheita futura - entre 710 e 720 mil toneladas de soja por safra. Com a expansão em andamento, Freitas estima que o volume originado no "Mapito" aumentará 20% em 2012 e poderá chegar a 3 milhões de toneladas até 2016. Se a previsão para este ano se confirmar, o volume deverá superar o total movimentado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste em função do complexo em Uberlândia. Ali, a capacidade de processamento de soja é de 1,8 mil toneladas por dia, e a de refino e envase de óleo chega a 600 mil caixas por mês.
"Também vamos crescer no Sudeste e no Centro-Oeste, mas no Nordeste o ritmo será mais acelerado", diz Freitas. Nesse contexto, afirma, o peso da Algar Agro nos negócios da holding Algar, que também atua nos setores de telecomunicações, tecnologia da informação, serviços e turismo, seguirá a aumentar. Em 2011, a receita líquida de R$ 1,1 bilhão registrada pela divisão agrícola representou 35% do total do grupo; com a expansão no Nordeste, poderá se aproximar mais de 40% em 2012 - a depender de câmbio e preços.
É claro que originar o grão com produtores para exportá-lo é uma opção, mas o foco da empresa no Nordeste é o mercado consumidor da região. Daí porque um dos desafios no radar é ampliar o portfólio de produtos, com destaque para os óleos de soja da marca "ABC", para fortalecer a estratégia de penetração no varejo. O óleo de soja da Algar Agro é todo voltado à alimentação humana, ainda que não esteja descartada a entrada no mercado de biodiesel no futuro.
"Agro é uma vertical estratégica para a holding Algar. E como ainda temos investimentos em manutenção relativamente baixos, nossos aportes no setor estão concentrados em expansões", afirma Freitas. Além do biodiesel, aportes na área de insumos, sobretudo fertilizantes, também estão sendo avaliados.
Veículo: Valor Econômico