HP esforça-se para devolver ênfase à área de pesquisa e desenvolvimento

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Com um tsunami rugindo rumo a Sendai, no Japão, o software Photon Engine, da Hewlett-Packard (HP), dirige a resposta a um centro de comando nas proximidades. Ao coletar dados de câmeras de monitoramento de tráfego, veículos de socorro, smartphones e satélites, o software exibe informações numa enorme tela sensível ao toque. Ele permite que as equipes de emergência obtenham o que os militares chamam de "plena consciência situacional" e sugiram rapidamente rotas de fuga.

Trata-se de uma simulação, apenas. Uma simulação realizada recentemente no campus da HP em Cupertino, na Califórnia. Todd Bradley acena a cabeça em sinal de aprovação. O vice-presidente executivo de impressão e sistemas pessoais das recém-fundidas divisões de PC e impressoras da gigante do setor de computadores diz que o Photon Engine é um passo rumo à retomada da "herança de inovação" da empresa e ao silenciamento de críticos que dizem que seus melhores tempos ficaram para trás.

Bradley e a principal executiva, Meg Whitman, afirmam que pretendem reverter a queda dos gastos em pesquisa e desenvolvimento ocorrida sob o comando dos principais executivos anteriores. No ano passado, a HP gastou 2,6% das vendas em pesquisa e desenvolvimento, frente aos mais de 4% de sete anos antes. "Nós investimos menos dinheiro que o necessário em inovação", diz Whitman.

O sucesso da computação móvel - e a incapacidade da HP de se adaptar a esse novo universo - fez com que o grupo de Bradley produzisse equipamentos padrão com lucros minguantes. As margens operacionais caíram a partir dos 8% de uma década atrás para 5,2% em janeiro. Os escritórios, cada vez mais desprovidos de papel devido aos aparelhos móveis, enfraqueceram a divisão de impressoras da HP, em outras épocas altamente lucrativa. A tentativa da empresa de ingressar em mercados mais lucrativos por meio da aquisição de US$ 1,2 bilhão da fabricante de aparelhos móveis Palm, em 2010, fracassou. A HP deixou de fabricar dispositivos que empregam o software webOS, da Palm, em 2011.

Bradley reconhece que a empresa ficou para trás em termos de integrar equipamentos e softwares em "pacotes realmente irresistíveis, capazes de concorrer com a Apple e com qualquer outra do mercado". O Photon Engine é uma tentativa inicial de recuperar o terreno perdido. O pacote varia, mas normalmente inclui projetores, telas e um PC de alta potência, e custa de US$ 10 mil a US$ 125 mil. O sistema traz em seu núcleo um software chamado Pluribus, que consegue captar as mais variadas formas de dados - transmissões de vídeo, coordenadas de GPS sobrepostas a um mapa, páginas da web ou mesmo imagens em 3D - e formatar imediatamente versões de alta resolução para telas de qualquer dimensão. Os dados podem vir de iPads, câmeras de tráfego ou outras fontes, e o resultado pode ser exibido com projetores baratos ou em telas de US$ 100 mil usadas em palcos de espetáculo.

Graças ao Photon Engine, a HP está "anos à frente" de concorrentes no setor conhecido como de exibições imersivas, diz Richard Doherty, cofundador e diretor da consultoria Envisioneering Group. "Ela deveria ser batizada de máquina da emoção, porque possibilita que as pessoas vejam movimento e processem informações com a mesma profundidade e ligação que se obteria ao se olhar para alguma coisa a olho nu", diz ele.

A grife de moda Marchesa usou recentemente o Photon Engine numa loja da Bergdorf Goodman na Flórida. Os consumidores usaram óculos especiais para ver imagens em 3D de modelos que percorriam uma enorme tela exibindo a coleção de primavera da Marchesa. A diretora de marketing da Marchesa, Allison Lubin, atribui à tecnologia o fato de as vendas terem duplicado naquele fim de semana. A IMS Research prevê que o setor de exibições imersivas crescerá 40% anuais e atingirá US$ 7 bilhões no mundo inteiro até 2013. O Photon Engine também poderá ajudar a HP a vender monitores, projetores e PCs de alta potência, linhas que captaram US$ 3 bilhões em vendas no ano passado.

A HP espera pelo lançamento do Windows 8 (previsto para o segundo semestre), com sua nova interface Metro preparada para telas sensíveis ao toque, para fazer uma nova investida no mercado de aparelhos móveis de consumo. Bradley insinua que uma das grandes ênfases será em laptops conversíveis - PCs de peso reduzido com telas sensíveis ao toque rotativas ou destacáveis - para concorrer com o iPad, da Apple, e com outros tablets. Whitman diz que a recuperação das margens da HP levará de três a cinco anos. "Levamos um tempo para chegar a isso, e vamos levar um tempo para sair", disse ela, em fevereiro.



Veículo: Valor Econômico


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