Os acionistas da Aracruz aprovaram, em Assembléia Geral Extraordinária (AGE) realizada ontem, a abertura de uma ação de responsabilidade contra o ex-diretor financeiro da companhia, Isac Zagury. O executivo, que apresentou pedido de licença do cargo no final de setembro, é apontado como o responsável pelas operações com derivativos que levaram a Aracruz a registrar uma perda de US$ 2,13 bilhões, assumida no início deste mês.
Na ata da assembléia, a companhia informa que a ação é justificada "pelos prejuízos causados à companhia pela celebração de operações com derivativos acima dos limites previstos na Política Financeira". A forma de propositura da ação ainda está sendo analisada por advogados da empresa.
Compareceram à assembléia acionistas representando 96,5% do capital social votante. Os controladores da Aracruz são os grupos Votorantim e Safra e a família Lorentzen, que detêm, juntos, 84% das ações ordinárias da companhia. Na ata da assembléia, a companhia informa que o BNDES Participações absteve-se da votação, alegando não ter "elementos de decisão suficientes" para se posicionar. O Fundo Latino Americano CIBC votou contra a ação.
A decisão de atribuir a Zagury a culpa pelas operações deve ser utilizada pelos controladores da Aracruz em eventuais processos que sejam abertos contra os controladores, segundo fontes próximas à empresa. Além disso, o processo abre uma brecha legal para que a Votorantim Celulose e Papel (VCP) não cumpra o acordo de compra da participação dos Lorentzen sem o pagamento da multa, estimada em R$ 1 bilhão. "Caso prove que o executivo praticou atos que estavam acima de suas possibilidades, a empresa pode se isentar dessa responsabilidade", diz o sócio do escritório Avvad, Osorio, Fernandes, Mariz, Moreira Lima e Fabião Advogados, Pedro Avvad.
O grupo Votorantim afirma que as negociações entre as partes não foram encerradas, mas adiadas. Mas há a possibilidade de que a revisão dos termos assinados e o não-cumprimento do prazo determinado possam resultar na aplicação da multa. As empresas não informam o prazo estabelecido para que o pagamento de R$ 2,71 bilhões da VCP pelos 28% de participação dos Lorentzen seja efetuado.
O acordo entre Lorentzen e Votorantim foi adiado por causa das perdas da Aracruz com derivativos e das mudanças no cenário econômico mundial, que fizeram ações preferenciais de classe B da Aracruz caírem abaixo de R$ 2,00 - estavam acima de R$ 10,00 no início de agosto, quando o acordo foi anunciado.
O acordo inicial determinava o pagamento de uma quantia bilionária aos Lorentzen, valor que deverá mudar após os acontecimentos dos últimos meses. Já o segundo acordo previa uma relação de troca de ações de VCP e Aracruz para que Safra e Votorantim tivessem condição igualitária de controle sobre a holding que comandaria a maior fabricante de celulose branqueada de eucalipto do mundo.
A ação contra Zagury deverá se arrastar por mais de cinco anos, segundo Avvad. O advogado contratado pela Aracruz para defender Zagury, José Carlos Osorio, foi procurado pela reportagem, mas não respondeu. André Magnabosco
Os acionistas da Aracruz aprovaram, em Assembléia Geral Extraordinária (AGE) realizada ontem, a abertura de uma ação de responsabilidade contra o ex-diretor financeiro da companhia, Isac Zagury. O executivo, que apresentou pedido de licença do cargo no final de setembro, é apontado como o responsável pelas operações com derivativos que levaram a Aracruz a registrar uma perda de US$ 2,13 bilhões, assumida no início deste mês.
Na ata da assembléia, a companhia informa que a ação é justificada "pelos prejuízos causados à companhia pela celebração de operações com derivativos acima dos limites previstos na Política Financeira". A forma de propositura da ação ainda está sendo analisada por advogados da empresa.
Compareceram à assembléia acionistas representando 96,5% do capital social votante. Os controladores da Aracruz são os grupos Votorantim e Safra e a família Lorentzen, que detêm, juntos, 84% das ações ordinárias da companhia. Na ata da assembléia, a companhia informa que o BNDES Participações absteve-se da votação, alegando não ter "elementos de decisão suficientes" para se posicionar. O Fundo Latino Americano CIBC votou contra a ação.
A decisão de atribuir a Zagury a culpa pelas operações deve ser utilizada pelos controladores da Aracruz em eventuais processos que sejam abertos contra os controladores, segundo fontes próximas à empresa. Além disso, o processo abre uma brecha legal para que a Votorantim Celulose e Papel (VCP) não cumpra o acordo de compra da participação dos Lorentzen sem o pagamento da multa, estimada em R$ 1 bilhão. "Caso prove que o executivo praticou atos que estavam acima de suas possibilidades, a empresa pode se isentar dessa responsabilidade", diz o sócio do escritório Avvad, Osorio, Fernandes, Mariz, Moreira Lima e Fabião Advogados, Pedro Avvad.
O grupo Votorantim afirma que as negociações entre as partes não foram encerradas, mas adiadas. Mas há a possibilidade de que a revisão dos termos assinados e o não-cumprimento do prazo determinado possam resultar na aplicação da multa. As empresas não informam o prazo estabelecido para que o pagamento de R$ 2,71 bilhões da VCP pelos 28% de participação dos Lorentzen seja efetuado.
O acordo entre Lorentzen e Votorantim foi adiado por causa das perdas da Aracruz com derivativos e das mudanças no cenário econômico mundial, que fizeram ações preferenciais de classe B da Aracruz caírem abaixo de R$ 2,00 - estavam acima de R$ 10,00 no início de agosto, quando o acordo foi anunciado.
O acordo inicial determinava o pagamento de uma quantia bilionária aos Lorentzen, valor que deverá mudar após os acontecimentos dos últimos meses. Já o segundo acordo previa uma relação de troca de ações de VCP e Aracruz para que Safra e Votorantim tivessem condição igualitária de controle sobre a holding que comandaria a maior fabricante de celulose branqueada de eucalipto do mundo.
A ação contra Zagury deverá se arrastar por mais de cinco anos, segundo Avvad. O advogado contratado pela Aracruz para defender Zagury, José Carlos Osorio, foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.
Veículo: O Estado de S.Paulo