Cultivo de oliveiras para a produção de azeite atrai produtores como alternativa no campo
Azeite de oliva brasileiro? Sugestão como essa pareceria absurda se feita há cinco anos. Hoje, porém, pensar em um óleo extravirgem produzido em terras gaúchas e reconhecido pelo exigente paladar internacional não é apenas realidade. É promessa de diversificação e rentabilidade.
Segundo dados da UFRGS, foram importadas, em 2010, 50 mil toneladas de azeite no país. E isso ainda é muito pouco, se comparado com ao desempenho de outros países. Enquanto os brasileiros consomem 170 gramas de óleo de oliva por ano, cada grego dá conta de 25 quilos, seguidos por italianos e espanhóis, com 12 quilos do produto.
O desinteresse por um mercado tão promissor só se explica pela crença de que o solo brasileiro não seria compatível com as portentosas árvores. Mas a observação de que as oliveiras davam-se muito bem em países vizinhos, como Uruguai e Argentina, motivou produtores gaúchos.
Um dos pioneiros no cultivo foi Guajará Oliveira, de Caçapava do Sul, hoje presidente da Associação Rio-Grandense de Olivicultores. Em 1996, o produtor e a mulher compraram plantas em Rio Grande. A variedade, no entanto, produz somente azeitonas de mesa. Para fabricar azeite, Guajará trouxe da Espanha mudas de variedades específicas para a extração do óleo, como arbequina e arbosana. Depois de se especializar na Europa, Guajará já extraiu azeite, que deverá ter produção em escala comercial em breve.
O que já está nas prateleiras de alguns supermercados e lojas especializadas em gastronomia é o azeite Olivas do Sul, elaborado em Cachoeira do Sul pelo engenheiro aposentado José Alberto Aued. Depois de comprar uma área de 13 hectares e ocupar apenas um hectare com videiras, decidiu apostar na oliveira como alternativa. Corrigiu a acidez do solo e escolheu as variedades apropriadas para a produção de azeite. Depois de pesquisas e do investimento de R$ 1,5 milhão, Aued encarou o desafio de elaborar seu extravirgem. Na primeira safra, teve o produto incluído no guia Flos Olei, um dos mais importantes e seletivos do mundo.
– O lucro pode ser de R$ 12 mil a R$ 15 mil ao ano por hectare – afirma.
O interesse no cultivo deu espaço a outro filão: a produção de mudas, foco de uma empresa em Barra do Ribeiro que pretende ter 400 mil oliveiras até o fim do ano.
Veículo: Zero Hora - RS